quinta-feira, 28 de junho de 2012

Idiotices do João [18]

Papagaios humanos se repetindo, papagaios, zanzando pelo mundo subterrâneo de suas próprias idiotices, têm dificuldades até de perseguir os próprios rabos, papagaios sem cérebro, é uma pena comparar tão bonitos animais com essas bestas humanas, onde está sua arrogância agora, João? Estava ele perambulando pela podridão de seus pensamentos ruins, sempre odioso, não sempre, mas às vezes, assusta os outros, não?, ela vai ler isto aqui e vai temer ainda mais você, esta escuridão sinistra, repleta de amargura, falar dessas coisas não soa meio adolescente não?, sem parágrafos, qual é o valor do que está sendo dito aqui?, nenhum, assim como não há nenhuma luz do outro lado da lua, poderíamos talvez mergulhar no lago frio do inferno, proibido de chorar já que as lágrimas congelam e queimam a face. quantos lobos rasgaram a própria pele para dilacerar a garganta da amargura?, acelerou hoje para se foder nas perspectivas, planejamentos despedaçados como se fossem melões podres atirados contra uma parde de barro imundo, talvez se triturar os ossos e enfiá-los bem no cu, não é nem um pouco estático, e que tal aquele bonitinho magrinho de bonitas formas, somos todos iguais quando digo que somos feitos da mesma matéria de merda, disse lá para o amigo que odeia todos, nossa, é mesmo?, parece uma criança falando, que tal ouvir esta musiquinha em que há um babaca berrando?, agressividades de ontem, quanto rancor pretende guardar dentro de si sabendo o que nisso acarretará?, aquela doença aguarda, sim, você sabe do que estamos falando, orgulha-se tanto de sua saúde de aço, mas aquela doença linda virá assim que tiver acumulado mágoa e rancor suficiente, tem certeza que deixará isso acontecer?, respira para as palpitações, quase estragou tudo, zanzando pelo mundo subterrâneo, lembra de quando ele tinha pele pálida e olhos vermelhos?, mostrou para a professora, ela gostou e elogiou, ou melhor, ela não gostou mas elogiou, porque estava bem escrito e desenvolvido, mas aquele enredo doentio e fantasioso não lhe interessava, quantas perversões esconde dentro de si, meu caro João?, ou não é apenas um estúpido comum que deseja aparecer?, quem de gorda fala mal com gorda amanhecerá, todos os seus preconceitos voltarão para te assombrar, enquanto não for capaz de superar a si próprio permanecerá refém de suas limitações e jamais atingirá o estado que tanto almeja, apequena-se, persegue-se em vão, o que te espera além do vazio?, depois tem de se desculpar inutilmente, se rebaixar, gosta mesmo de chicotear a si próprio?, ninguém irá se sensibilizar com o que aqui está sendo dito, milagre será se lerem até esta parte, o que espera da vida, meu caro João?, mostrou para a pessoa que admira naquela festa, jamais se esquecerá, ela sorriu e disse para continuar adiante, hoje está casada e com filho mas permanece como uma das poucas pessoas que admira, curva-se perante sua sensibilidade e inteligência, quantos mais você considera no mínimo iguais a você, João?, não é só uma questão de arrogância, atrapalha-se nas explicações, está se comunicando com quem?, os instantes se alternam nos cortes, rasgue o pulso e sangre, veja sua vida se esvair em cascatas de vermelho, quando criança pensou em meter a faca na própria garganta, não foi?, odiava tanto a si próprio que se considerava indigno de existir, considerava-se um erro terrível, hoje em dia ao menos tolera respirar sob a terra, não é isso?, complica-se sem necessidade, continua respirando e aguardando, você já sabe que vai dar certo, agora pelo menos sabe, então saiba esperar, saiba ter paciência, não é para isso que respira todos os dias e todas as noites?, respirar na escuridão sob o som da música agradável, foi o meio que achou para manter o excesso mais ou menos sob controle, não há um único caminho ou maneira, mas é esse que usa para si, não sabe explicar para os outros, mas tem de ser feito, há alguma lua no céu para rir da sua cara?, sons em casa, as pessoas chegam e se acomodam, riem e se divertem, você é capaz de rir de verdade, meu caro João?, pelo menos os livros estão arrumados, agora pode se considerar novamente um ser humano, as cores e formas, tão bonitas, como você gosta das cores e formas, gosta dos corpos bonitos, ao menos os que estão ao seu alcance, o que adianta babar por celebridades irreais?, há beleza na feiura, há beleza nos defeitos, mas quem é que vai aguentar esse excesso de intensidades?, enquanto isso, é aturar a si próprio, a vontade é de berrar todos os dias, berrar alto, socar e quebrar e liberar a fúria, se pudesse saltaria pela janela berrando insanidades e obscenidades, berraria enquanto asas de morcego brotariam das costas, rasgando a carne e causando aquela dor que você tanto gosta, adoraria vomitar fogo, sentido a garganta queimar enquanto as chamas percorressem seu trajeto até a luz do mundo, tacaria fogo em tudo só pelo prazer de ver todas as coisas se reduzindo a cinzas agonizantes, fogo, fogo, fogo, dizem que seu paradigma é cavalgar loucamente as chamas da mudança, agora vai se abrir para novas companhias?, desejam-te, ao que parece, desta vez não vai mais negar?, vai abraçar o que não deseja?, terá toques e gracejos, a cama se esquentará com outro alguém, mas não será outro alguém que você deseja, vai mesmo aguardar que um dia ela venha?, por que outros enxergam tão bem o que você tem de tão bom - coisas tão boas que nem mesmo você sabia que tinha - e no entanto ela não enxerga?, vai ler aqui e vai atrapalhar o processo, todo esse lento processo no qual João tem de ter paciência, sorria e respire no escuro, você sabe que tudo terminará bem, só que não no tempo que você deseja, o tempo tem sua própria rotina, eu não odeio você, não mesmo, eu gosto muito de você, para quem está falando isso, meu caro João?, está se perdendo aqui, você se lembra daquela história que criou?, está com mais de cem páginas, não, não é essa que pretende publicar, é aquele protótipo guardado a cinco chaves, na verdade está impresso num velho caderno, é tão confuso e sem propósito quanto o que estamos falando aqui, aí se lembra de outros, de manuscritos perdidos, perderam-se, tinham algum valor literário?, isto aqui com certeza não tem, o que é esse valor?, quem determina isso?, a academia se perde, a academia adora qualquer coisa, não qualquer coisa, mas o que eles consideram hermético o suficiente para que a maioria não entenda, e a maioria é quem consome qualquer coisa?, você pode ter essa arrogância de determinar o que é bom ou ruim?, por isso não consegue ser fã de nada, porque um grupo de músicas ou escritos ou atuações são muito bons e merecem ser dignos de adoração, e outros não?, quem determina isso?, não entendem quando você se perde no excesso de relativismos, por isso não consegue gostar de nada, parece-lhe que se gostar de algo estará desrespeitando todo o resto, aí camufla a confusão com arrogância e desprezo, por que tem de fingir que é mal?, por que tem de fingir que é um babaca, meu caro João?, está se desperdiçando, quem você quer que enxergue não entenderá, assim você também não tentou entender?, por que é tudo tão confuso e por que nos perdemos de nós mesmos?, por que precisamos vomitar essas palavras estúpidas?, alguém, por obséquio, me diga, por que estamos aqui?, por quê?



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Notícias de Quinta [66]

Hoje não tem Ligia, vou ter que me virar sozinha. =(



Professora sugere que pais usem cinta e vara para educar aluno (Essa professora não sabe nem escrever. Está difícil a educação no Brasil.)
Criador do Megaupload volta à ativa e lançará serviço de compartilhamento de músicas (Aê! Força Dotcom! \o/)
Artista cria colônia de moscas que twittam *texto em espanhol* (Tão inútil quanto a maioria dos twitters que vejo por aí.)
Pessoas ficam mais bonitas às 4h da manhã (Ahãm. Me acorda às 4h da madrugada pra ver que beleza que vai ficar tua cara... Mas o barman da foto é uma gracinha mesmo. ^^)
Empresa sugere hotéis mais caros aos usuários de Mac, diz jornal (Achei isso tão Classe Média Sofre.)
Justiça libera fotos de Xuxa nua em sites de pesquisa (Divirtam-se garotos.)
Juristas entregam anteprojeto do novo Código Penal para Sarney (Dsclp mas pelo que eu li até agora tô achando lindo esse novo código penal.)
RJ: sindicato considera lei de ensino religioso inconstitucional (Estado Laíco vencerá?)
Prefeitura de São Paulo quer proibir sopão grátis no centro (Meu maior sonho: Empalar o Kassab com um poste de luz.)
Por erro, Editora Leya anuncia reimpressão e troca de 'A Dança dos Dragões' (Todos que estavam esperando choram. u.u")

Não esqueçam de comentar. ^^

-Tá olhando o quê?
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terça-feira, 26 de junho de 2012

Idiotices do João [17]

- Tua arrogância me irrita! Como alguém pode se achar tão superior aos outros?!

Deveríamos gritar. Só que o fôlego está em fogo brando. Uma ilha passa rente à nossa cabeça, voando baixo, enquanto melancias saltitantes guincham a cada salto mortal que executam em pleno ar. Quando se retirou para dentro do ônibus, bufava intolerâncias, as mesmas intolerâncias odiosas que destilava para dentro de si enquanto os moleques discutiam acerca de paradigmas e vícios da sociedade. Pareciam acreditar que estavam prestes a decidir os rumos do mundo. Gostaríamos de gritar, mas não podíamos, pois estávamos preocupados demais nos segurando para não vomitar as próprias entranhas. O caldo cerebral fervilhava odores podres de ressentimentos e frustrações, de sonhos não realizados e vitórias natimortas, enquanto o som de trolls grasnando preenchia os ouvidos com suavidades brutais. Ao menos nos acalmamos ouvindo essas canções que todos os demais odeiam. Pretensões, sempre nos lambuzamos com pretensões. Não há lugar para insignificâncias sem sentido, na verdade, não há nada, nada em lugar nenhum, então por isso preferimos observar aqueles coelhos rosados com asas de morcego voando por aí e cuspindo fogo.

Quando João sentou para cruzar as pernas, percebeu toda a ineficiência da criação. Uma poeira em grãos possuía mais significados. Arrogâncias em forma de tentáculos, os quais chicoteavam um ego imperfeito, um ego repleto de buracos e arrependimentos. Deixou para trás a escada que levava para os céus, e se apequenou na lama imunda que lhe era confortável. Pelo menos era quente e aconchegante... mas agora não há aconchego que o sustente. Olha para todos os lados e só enxerga vermes - os mesmos vermes que celebram sua existência como leões, dignos em suas lutas particulares para existir e tornar seus sonhos realidade. Menospreza todos os outros que não você próprio para se esquecer da própria insignificância. Quantas tentativas foram desperdiçadas? Os excessos se contraem, assustam os que estão ao redor, os defeitos se lambuzam com novos fracassos. Alguém enxerga alguma luz nele, João se lembra, quando aquela velha monja lhe disse que era como Lúcifer: viva imerso na escuridão de sua arrogância e estupidez, mas na verdade ansiava pela luz do amor e compreensão, e uma luz real carregava dentro de si. Se tal luz existe, para quem você a mostrará, meu caro João? Pois sabemos que fracassou miseravelmente na última tentava, e o braço esquerdo de trevas gargalhou alto durante as noites solitárias. Vamos respirar.

Quando olhos foram fechados, o que significam os sonhos com mulheres que nunca vi e os encontros que nunca acontecerão? Em segredo deseja o toque daquelas aventuras, daqueles passeios pelo mundo, acompanhado apenas de uma parceira sorridente, para trocarem a livre experiência de gozar a existência. Mas há complicações, sempre há. Almeja pela simplicidade, mas se traveste com lençóis grossos de complexidade ridícula e espalhafatosa. Para quem está representado, meu caro João...?

As estrelas sorriem com doçura. Mas não para você, suponhamos. Um afago seria interessante, um aperto de mão ou um abraço. Mas não se permite tocar por seres inferiores. Um linguajar malcriado, uma visão ultrapassada, um temor ancestral. O coração já foi feito em pedaços tantas e tantas vezes, por que o medo de sangrar mais uma vez? Enganou-se e enganou crianças hoje e mais um mês atrás. Por que brincar com sentimentos de outro alguém que nunca tocará sua alma? São crianças, ainda por desabrochar, ainda por descobrir o que é estarem vivas. Não eram Maria.

Maria não está em nenhum lugar. Maria não existe mais.

Vai respirar e vomitar mais tolices. Vai ouvir o que outros consideram desagradável. Mas por que o conforta tanto? Aqui está um troll berrando, ou um ogro, gritando com a voz de uma garganta apodrecida, enquanto o ritmo de arrasta numa espécie de procissão fúnebre e sinistra. Por que se sente confortável com som que anuncia o sofrimento de eras passadas e o dilaceração da alma? Por que aprecia que seu espírito seja despedaçado pela tristeza de nunca ser amado por uma Maria que nem existe?

João sente a chuva fina encharcar-lhe a fronte. As ilhas continuam flutuando em velocidade inconstante, rumo a lugar nenhum. João se encosta numa árvore escura, fecha os olhos e aguarda pela parada na próxima estação dos fracassos fumegantes e ridículos.



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Idiotices do João [16]

Há um silêncio escuro no passado.
Chovia forte certa vez, e aí que de súbito várias torres se elevaram, rasgando o solo como se fossem espinhos brotando da terra, e cresceram até atingir os céus. João não poderia escalar todas aquelas torres, ou pelo menos era nisso que (des)acreditava. Maria estivera ali, ele se lembra, tantos anos se passaram, mas ele se lembra, aqueles anos anteriores ao passado conhecido que os mais velhos conhecidos de hoje conhecem. Era uma época de sonhos e bem-aventurança. João sonhava em se tornar um astro! Maria estivera ali, sorrindo, enquanto se preparava para escalar as torres. Não vai acompanhá-la, João?
João perambulou muito pelas terras indispostas da descrença. Fingia para si mesmo que se elevaria para além dos céus alados, mas em seu íntimo se apequenava nas incertezas de seu medo. Tanto lhe falaram que jamais seria algo além de um pateta estranho, que jamais suportaria o peso da divindade, que se encolheu na insignificância que lhe era confortável, ao mesmo tempo em que sonhava com os reinos além do horizonte. Maria deu-lhe a mão, era só segurá-la com firmeza. Só isso.
Separou-se de si próprio enquanto olhava. Separou-se. Quantas chegas pretende remontar? Sangrava horrores de incapacidades, não conseguia tolerar a própria multiplicidade de talentos. Acovardou-se. Não conseguiu desenvolver o que tinha de melhor, que era tudo o que lhe dizia respeito. Não conseguiu encarar aquela Maria poderosa e resplandecente. Queria mesmo atalhos? Incapaz de erguer a cabeça e olhar para os céus, já que andava somente olhando para o chão. Então como diabos conseguiria escalar todas aquelas torres ao lado de Maria? Ela lhe sorriu muitas vezes, muitas vezes mesmo, por que está lembrando disso só agora? Nunca contara para ninguém, nem nunca a contara entre as mulheres que teve. Porque nunca a possuiu. Beijou-a, sim, tocaram-lhe os lábios, afagaram as mãos, passearam no carro dela. Ela dirigia bem, e estava disposta a levá-lo para qualquer lugar. Inclusive para o alto dos céus alados. Então, por que diabos João fugiu de Maria?!
Não há buraco no chão que possa mensurar tamanha vergonha. As torres desabaram todas assim que Maria as escalou, e hoje está inalcançável. Só conseguirá tocá-la, mesmo que de leve, se conseguir estourar toda sua energia de tal forma que atinja um estado próximo a de um ser composto só por pensamento. Sua alma agora está mais forte, mas a que preço? O que nos adianta brincar com crianças que hoje têm a idade que você tinha naquela época das torres? Como pode exigir de uma garota que seja mais forte que os alicerces da terra se você próprio fracassou em arder sua cosmo-energia além de qualquer limite? E seus limites eram imensos, e você se apequenou, e se escondeu em suas noias e tramoias, e perdeu Maria para sempre. Aquela Maria original que se encontra aos pés dos tronos dos céus, sim, pois sua cavalgada gloriosa ainda não terminou. E o que interessa o que veio depois? João só se envolveu com paródias de sonhos, com cinzas que não passam de simulacros da glória real que deixou para trás. O que nos adianta agora divagar essas tristezas na escuridão solitária? Diga-nos, João, de que nos adianta?!
Afaste-se. As tolices ficaram para trás, e ninguém nunca mais saberá. Os conhecidos de hoje não conhecem a história. Fracassou tremendamente, mas só tomaram ciência de sua existência na fase intermediária de decadência. Agora, reveste-se de corja, e de anjos caídos como você. Não, não são caídos, uma vez que interromperam o processo de ascensão. E somente esses que viraram as costas para a grandeza que lhe abriu as pernas sabe o que se passa. Então José entende, não? Abraçam-se, os fracassados, ansiosos por uma nova chance de ascensão. Conseguirão, cada um a seu tempo.
Pois então é nisso, não é João? Recolher os cacos, e beijar o chão humilde que o acolhe. Pois terá de aprender, ainda mais, até que novas torres se elevem, para serem escaladas até os reinos dos céus.
Será que verá Maria novamente? Improvável... mas não impossível. Mas é tolice contar com isso. Novos caminhos se abrirão, e novas possibilidades... até lá, esteja atento. Sempre atento. Não se feche demais....
Fechar. Fechar. Fechar. Trancafiar. Ainda não terminamos. Então. Fechar. O que se sente aqui? Não sabemos, não se descreve em palavras. Parece insignificante todo o resto. Por que se incomodar? Falam tantas besteiras desinteressantes, aborrecem-se por tantas porcarias... senhor arrogante que julga conhecer o coração humano. Já cometemos este erro antes. Mas não haverá envolvimentos. Especialmente com crianças. Crianças ainda têm de aprender por si próprias o inferno que as espera - o que se passa aqui e agora não é nada. É capaz de respeitar o processo alheio? Não entendeu, porque insiste em olhar cada vez mais para si próprio, ou para os poucos que julga semelhantes. Melhor assustar e afastar. Estamos confessando algo? Parece auto-retrato, há alguma estupidez em querer enxergar algo aqui além do que foi dito? Tolices, insensatez. Para vencer num mundo insensato, é preciso ser ainda mais insensato. É capaz de explodir suas chamas pleno dessa convicção, meu caro João? Na verdade, não temos mais nada a perder. Mantenha-se afastado, para não queimar quem nada tem a ver com isso. Somos um excesso, somos uma onda de fogo ansiosa para bater suas asas flamejantes até o Sol. O Sol que deixamos para trás quando viramos as costas para as torres. O passado assombra nas lembranças, naquele tempo anterior aos conhecidos de hoje. Por que preferiu se acomodar nos gostos confortáveis e nas vidas preguiçosas que conhecemos naquela época? Hoje se casaram, a maioria deles, e parecem se arrastar em vidas monótonas de casais frustrados sem mais nada a realizar na vida. E então procuram João para se relembrar daquela glória que nunca buscaram. O que adianta apenas se divertir desse nosso entretenimento chamado João, que ainda sonha tolamente em ir além? Serão deixados para trás, já foram ultrapassados, apenas não foram esquecidos. Nos reunimos com eles, pelos velhos tempos, embora não tempos anteriores aos tempos da Maria original. Não pense nela, está além de seu alcance agora. Você imaginava que estaria hoje respirando na escuridão e beijando o chão humilde que o acolhe? Imaginou? Diga-nos, João?!!?

Está bem. Olhe para cima. Um dia, alçaremos voo com nossas asas flamejantes, para além das torres do céu, até alcançar o Sol. Até alcançar Maria.



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domingo, 24 de junho de 2012

Idiotices do João [15]

Há um certo excesso. Menosprezos ainda não nascidos reverberam por todos os conhecimentos incompletos. João regurgita a si próprio, na vã tentativa de renascer. Mas há apenas uma vida, e não há continue. Os sons bonitinhos continuam piscando, risadas felizes na sala. Durante o almoço, contamos a respeito da vida. Nossas amizades se regozijam de nossos pequenos sucessos, torcem por nós, pedem nossa presença. Quantos amigos queridos desejamos além dos que já temos. Esses pequenos instantes que nos lembram o quanto divorciamos de nós próprios. As palavras corretas não foram capazes de fazer seu percurso até seu destino. Reduziu-se a um drama pateta, de deslizes sem campanha. O modelo foi interrompido. Quantas chances desperdiçadas? Sussurrou-lhe algo, ele desejava algo que nunca foi. Saudades do que nunca aconteceu. Alguns todos repetiram falácias em que supostamente seriam profundas. Nenhuma novidade. Houve falhas na comunicação. Ficou bêbado das próprias emoções. Quantos anos você tem João? Emoções que lhe guiam as mãos alucinadas. Quando pensa friamente, friamente age. Repleto de uma paixão imperfeita, fala asneiras. A palavra dita sem pensar nunca mais volta. E nunca mais será. Falhou-se em tentar entender. Fechar-se é a solução? Olha para a paixão segundo o gênero humano. Ali estão as respostas? Expressa-se desta forma, mas foi incompetente em demonstrar o melhor de si. Por que não consegue compreender  próximo? Não mostrou, não conseguiu. Fracassou. Estamos nos chicoteando? Estamos olhando para o teto. Você consegue olhar para outra coisa que não o seu próprio desejo egoísta? O meu mundo é composto por mim e pelas pessoas que a mim importam. E o que é se importar? Que espectro é esse que acha que é sentimento? Alguém com segurança maior e maior discernimento e maior foco vai conseguir conquistá-la. Conseguirá. E ela será feliz. Está se chicoteando outra vez? Sangue manchando o chão da sua alma. É para sentir pena? Desabafos de tolices. Quando sorriu na barca, lembra? Estava em alto mar, olhava para o vazio. Quando chegou, perguntaram o que havia acontecido. O quanto para chamar atenção. O que se deseja na verdade? Não entendemos. Repele então. Repelirá até quando. Até nunca mais. Sabe que não é verdade, já brincamos disso de novo e outra vez. Até nunca mais. Inócuo. O que nos atrai e nos afasta? Não é só este mundo, há outros. Há outras variáveis. O que está esperando. Olha para a manhã bem cedo, quando abre os olhos, o que há de humor além do intolerável? Sons de risadas na sala, não caia na falácia inútil de que mais feliz são os outros. Não. Estão os pormenores no mesmo nível de satisfação. Falar que era tão forte quanto os alicerces do mundo foi um exagero? Somos um poço fervilhante de drama, gostamos das bonitas palavras. Essas leituras em excesso. Acha mesmo que é melhor que alguém? Quando disse que nasceu para vencer, houve retaliações. Mas destino não existe, sabemos, não é óbvio. Quantas grosserias por tão pouco. Conseguirá retornar? A falta de paciência gera desamores. Era só ter aguardado, era só continuar trabalhando em silêncio. Pressione e ouvirá o que não deseja. Assim não é consigo próprio? Relaxa nas capas, são duras, escritos bonitos. Mimadinho. Tosco. Somos uma surra de impossibilidades. Mais chicotes. Dramas que a nada levarão. Lembra-se das existências passadas? Lembranças de ontem. Já dançamos essa maravilha. Estamos nos repetindo. Falou-se para desertar. Você sabe quais são seus crediários? Sorrisos na sala. Sorrisos. O que está faltando? Melhorou-se, boas novidades, estão todos parabenizando-o. Pode ter a decência de esperar? Pode aguardar, por favor? Dilacerar a si próprio jamais será a solução. Destrua quem te ama e rasgue a própria garganta. Leu um pouco. Aquela narrativa se baseia numa simples premissa, e agradou bastante. Pode então ser mais simples? No fim, mostra apenas o pior lado para quem gostaria de apresentar o melhor. Fala o que é e é pior que o contrário. Acostumou-se pessimamente com os que reconhecem seu valor e te prezam? O que está faltando? Quando te venera, você chuta, quando te chuva, você odeia. Mimos. Estamos nos perdendo. Estamos nos apequenando. Ainda assim, estamos vencendo. Consegue enxergar isso? Consegue perceber as conquistas que ascendem agora? E o que gostaria mais? Com quantos mais fracassos terá de flertar? Eu quero sucessos, você percebe. Mas a existência é só acertos e erros? Não. A vida é viver. Não é simples? 

Então, por que você não está vivendo?



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sábado, 23 de junho de 2012

Idiotices do João [14]

Sabe...? Foi uma torrente. Emaranhados de soluços. Mentimos, não soluçamos. Foram quantas felicitações? Ao telefone regozijou-se, parabenizou muito. Não merece alegrias, João? Parabenizou, quantas novas olhadelas? Aquele bebê para nascer, convidado não foi. Então, misturamos. Era chá? Olha, voltou para falar, repararam na voz. E quando equivaleram tudo? Disciplinas já feitas, mas aí chamaram para monitorar o plantão. Chamaram de lanchas, mas aquela aliança impura enervou-nos a todos. Parece justo? Mais chocolates, por favor. Por que tanto se fala na solidão fria? Esquentou-se com cobertores e gritos. Um dia, disseram, vai conquistar Maria? Não veio hoje, conforme prometido. Não era esperado? Percebe-se troca de mensagens. Atenta. Quando veio, anos atrás, conversaram, até se chocarem na cama. Reconciliaram-se com sexo? Esquentaram-se pelas entranhas, João se lembra, Maria usava vermelho. Pô-la de quatro para prová-la. Não era quente e doce? Ainda se lembra. Mas se reconheceram quando saíram, enquanto viajaram pela estrada, cada um esperando o outro. Qual o sentido de suas peripécias? Modelos viciados se repetindo, enquanto se ajoelhava no escuro. A fogueira queimava lá fora, era certo. Não telefonou para Maria enquanto estava isolado na mata? João se lembra das mensagens, e então entrou na roda para contar a sua história. Foram abraços em excesso, e lágrimas que ele jamais deixaria sair. Anos sem pranto, persiste. Sente-se seco, não? Vamos fechar mais. Acharam triste quando disse que não falaria, em hipótese alguma. Nascer para vencer. Confundem literalmente, ora, seriam determinismos. Seriam? Uma inutilidade existir, falamos disso em outra parte. Motivos para aqui estar, enxergamos, determinamos para si próprios. Quantas labutas das massas que se escravizam? Levaram a sério quando se disse que super-poderosos não poderiam impor suas diretrizes. Se pudesse reduzir toda a existência a cinzas, você voaria até a Lua? Reconhecer rastros de Maria pelos cantos, enquanto a beijava debaixo da chuva. Terá de tocar seu rosto e acariciá-lo? Quanto mais terá de provar para sua apreciação? Deseja somente que lhe toque os lábios, enquanto a exaustão o consome. Sentar-se sozinho com chocolates, enquanto as leituras voam ao redor e se enchem de cores bombásticas. Quantas distrações para preencher a inexistência, não é mesmo? Mais interrogações? Certo. Maria se agachou para que os fartos seios lhe tocassem a face. Se lhe sorri enquanto beija a amiga, se lhe sorri, deveria João beijá-la naquele instante? Está ficando lendo, mau acostumado àquelas vezes em que Maria lhe agarrou. Agora, vamos cantar. Quando entraram na ilha para raptar a garotinha, porque os vingadores dos fãs aplaudiram? Esse cisma entre nós não é uma tola mutação? Falou-se de bolos, e bolo hoje provou, mais uma vez. Maria se ocupa de si própria, não entenderíamos. Vai aguardar? Um dia irá conquistar, disseram. Quantos vácuos interiores terá de suportar? Na verdade, fortalece-se a cada dia. Pode interagir sem medo, aprende-se ao mínimo. Senhores do que está por vir, arrancaram-lhe o coração, na verdade, perfuraram-no. Aprendeu-se com os clichês, ao menos foi-se sincero. Concordamos. Proteger a mulher que gosta com todas as forças, sim. Não é isso que João está disposto a fazer? Fantasia emprestar sua força e compartilhar-se para valer. O excesso de energia assusta a todos. Quantos análogos de si mesmo João faz proliferar? Maria se assenta enquanto observa, dá-lhe uma lambida no nariz. Não era uma encabulada quando lhe esfregou a genitália na face? Passaram-se anos até encontrar Maria de novo. Desejava apenas extrair um pouco de si. Vai proteger mesmo? Terá de abrir-se mais, e terá de entender. O quão o outro poderá se tocar? Tocaram-se na alma, seria possível? Para confiar, demorar-se-á um pouco mais. Quantas ilhas de solidão flutuam na sua cabeça? Sempre gostos diferentes, sempre apreciações diferentes da Maria. Repete-se novamente, agora que encontra Maria, de novo. Mas escapa-lhe entre os dedos, gosta mas não gosta. Terá de ser conquistada, pela primeira vez. João olha para si próprio e diz:

- Eu vivo apenas para tornar meus sonhos realidade.



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sexta-feira, 22 de junho de 2012

O vazio dos ruídos

Já me cansei de ouvir a mesma voz irrequieta em minha mente que cedo desperta e tarde anoitece. Exauri todas as possibilidades de reconstruir qualquer tipo de associação entre o lugar em que as coisas estão e o espaço perdido que ocupo entre eles. Há um lugar desassociado de qualquer apropriação descabida que seguro fica das imbricações diárias do porvir.
Não se sabe a quem se ouve, entretanto a presença de uma voz é inegável. Sua amplitude provoca a retração de todo e qualquer pensamento que seu regulamento não abarca, e qualquer verbalização ainda que não concretizada é ignorada da maneira mais simplificada possível.
Todos os rastros que poderiam apontar para possíveis mudanças são realocados e o caminho original persiste, desconsiderando todas as tentativas do sujeito consciente de se abandonar no campo aberto. A voz que ressoa em minha caixa torácica sempre foi externa, e nunca pude solicitar reavaliação.
A alternância da minha voz nunca ocupou espaço de relevância, de modo que a voz invasora sobrepunha camadas e camadas de som no corpo invadido. A vítima se levanta, meio a contragosto, sem saber se deve persistir na tentativa de entreter o frio vento que a circundou minutos após o sujeito encapuzado adentrar o recinto.
Seus olhos brilham na escuridão reinante, porém a sombra do indivíduo apenas se certifica que nada existente foi eximido de registro. A porta se abre e a voz que se debatia no interior é recomposta ao seu lado. Nada existia além de imagens projetadas. Apenas a realidade compartilhada por imagens acústicas.
A boneca foi retirada do local pelo policial escasso, que veio acompanhado de um fotógrafo para documentar a cena. Vários testes seriam necessários. 
Gotas se reúnem na janela. 
Reunião de unicidades. 
Construção de consenso e regulamento. 
Sociedade.


*Escrito por Fernanda Marques Granato.
*Esse texto está protegido pela lei de direitos autorais. 


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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Notícias de Quinta [65]


Charlie Sheen volta à Two and a Half Man (He is back! \o/! #Osfãscomemoram) (Só consigo pensar em uma coisa quando leio Two and a Half Man.  http://24.media.tumblr.com/tumblr_m5f3l0jwiY1qb5gkjo1_500.png)
Multa em jogador por realizar propaganda na cueca é maior do que multa por racismo (Acho que a UEFA precisa rever seus conceitos. Para ontem.) (Acho que futebol é uma das coisas mais inúteis do planeta Terra.)
Brasil tem de parar de ceder a grupos religiosos no combate a Aids, critica ONU (Brasil tem que parar de ceder a grupos religiosos EM TUDO.)
82% dos brasileiros nunca leram livro digital, diz pesquisa (I don't care. Me diga quantos brasileiros nunca leram UM LIVRO.) (Me diga quantos brasileiros sabem ler).
Mulher traída 10 dias após do casamento é indenizada (Se ferrou, eu ri e adorei.) (A questão é: Se não quer/consegue ser fiel, porque casa?)
Acaba a energia durante final de show de Justin Bieber (Será que ele não entendeu que teve gente que não aguentava mais e queria que o show acabasse antes? Ok, na próxima eu explodo alguma coisa.Ou alguém. =D) (Foda que a energia acabou no final do show. Tinha que ter acabado antes de começar.)
Chiquinha, de Chaves, se aposenta por falta de oportunidades (*Choro da Chiquinha*) (Já tá na idade também, vamos combinar.)
Julian Assange foge de prisão domiciliar e pede asilo político para Equador (Quer fugir da Europa? Venha para a América do Sul!)
Bruno "Detonator" Sutter é cogitado para assumir vocal do Angra (Má Oe? Será que em breve teremos Metal Bucetation versão Angra?)
Africano inventa 'banho sem água' (Lembrei do @Dan_Moret. Principalmente na parte sobre o 'amigo preguiçoso que não gosta de tomar banho'.) (Imagina o cheirinho agradável da pessoa. Ecow).
Fim do acordo que acabou com as sacolinhas plásticas (Elas estão de volta \o/! #Todoscomemoram) (Corrigindo: #todoscomemora)
Assassino da Noruega fala de seus traumas (Um erro não justifica o outro, só digo isso.)
Alunos de escolas estaduais em AL ainda aguardam início de ano letivo de 2012 (Falta de planejamento e pouco caso com a educação, nós vemos por aqui!)
Homem que se envolveu com três irmãs é preso por agressão (Esse sim gostou da família.) (Pior se pegasse as 3 irmãs e a sogra.)
Sete gafes imperdoáveis no ambiente de trabalho (Isso explica muita coisa.) (Já cometi e continuo cometendo pelo menos umas 3.)
Hoje começam as apresentações de Marisa Monte em São Paulo (Fica a dica!) (Dica cultural no Caderno? Ok.)

E por falar nisso... Dica pra identificar os comentários da Li Cris. Ela coloca o ponto final fora dos parenteses. Eu corrijo a maioria mas alguns passam.
Acho que vou comprar alguns.
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terça-feira, 19 de junho de 2012

Idiotices do João [13]

- João, alguma vez você...?

Não se pergunta o que não deve. Todos aqueles instantes deveriam ser esquecidos. João observa o que não existe. Você diz que até chorou, então não lamentamos. João, no seu íntimo, até sente alguma inveja. É capaz de admitir para si próprio? Maria distante, tão distante, é capaz de relacionar? Quem você acha que está falando agora? Acordou cedo para uma nova realidade, estava ansioso. João escolheu uma bonita roupinha de trabalho, pelo menos o que assim considera como tal. Vestiu-se para a nova labuta que estava por vir. Fazer parte novamente do mundo? O sisteminha nosso de todos os dias nos exige, não é isso? Faça parte, seja mais uma peça da engrenagem, venda seu corpo e seu cérebro, faça a máquina funcionar. Bonita perspectiva foi-lhe oferecida, finalmente um vislumbre real. Esperou tanto por isso, não? Esperou exatamente isto? Não. Cobrou-lhe no telefone que fizesse concurso. De novo? Já tivemos essa dança, e foi desastrosa, nós lembramos. Foram dois anos desperdiçados, lembra-se de quando acordava cedo para o curso? Engomados em ternos, ou camisas de botão para dentro da calça, estamos aprendendo, nós lembramos, mãos no queixo e polegares na bochecha, estamos aprendendo, sim, vomite-nos toda a idiotice de sistemas viciados, falsos conhecimentos de verdades absolutas, iremos entrar nas discussões de mérito? Meretrizes dos direitos, João vestira terno e gravata e maleta do senhor bom funcionário? O fim já sabemos, o colapso, inútil na cama por uma semana, não sabemos se foi menos ou mais, havia alguém para segurar sua mão. Nunca haveria, fecha-se sempre, não divide, não permite que se aproximem. Como ousa cobrar portanto que Maria compreenda? É irracional, mal sabe admitir o que sente, o que é o amor? Aqueles que não sabem o que é o amor comparam-no à beleza, aqueles que querem conhecer o amor comparam-no à feiura, como é que será para você, João? Maria falou com você distante, elogiou a forma como se expressa, entendeu este recado? Mas quando pôs em dúvida a mudança visual, você compreende? Houve prantos, mas não foram para você, meu caro João. Você se lembra quando foi a última vez em que chorou nesta vida? Os olhos secos, não demonstra, não se abre, até quando fingirá que é uma pedra? Na sala comentaram, mas ela era gorda, não é? E aquela outra gorda, você lembra...? Sacrificou os próprios gostos ou quis experimentar algo novo? Quis testar seus próprios preconceitos? Talvez seja punição pela sua intolerância, até quando suportará o não-contato? Talvez se eu abraçar a inexistência, poderei me tornar uno com o reino do pensamento. Poderia eu tornar-me um ser composto apenas por pensamento? A carne que estamos desprezando, a carne que estamos maltratando. Sente-se desperdiçado, João? Considera-se eficiente no sexo, bem como todos os de sua raça, considera-se potente. Então por que não se joga? Por que tanto seleciona? Lembra-se da adolescência medrosa e sem maiores critérios, ao menos havia alguma ação. A Maria perfeita, se existisse, atrás do João perfeito estaria. Será que algum dia você terá a decência de se apaixonar pelos defeitos, em vez de se apequenar enxergando somente as qualidades, meu caro João? Desperdiça-se, os dias todos, só que lamentos não o levarão até a grandeza que tanto anseia. Quantos pináculos são necessários para que o auge se torne real? Muitas perguntas para respostas que não existem. Até quando você sofrerá por coisas que nunca teve? Segue-se respirando, retirou-se quando perguntaram, alguma vez você perdeu o controle? Não iremos responder, nunca, não interessa. Sabe, ficou vermelho, a fúria se estilhaçou como se fossem farpas sangrentas dilacerando a alma, você queria despedaçá-lo com suas próprias mãos, não é isso? Não contaremos mais, porque ninguém se machucou, porque estavam lá para apartar, mas e se não estivessem? É por isso que respiramos na escuridão, em solidão e em silêncio, se Maria disso soubesse sentiria ainda mais medo? Que aura é essa de estranheza alienígena que emana de você, meu caro João. A dor lhe causando sensações de prazer? Doem, sente-se nas juntas, na base da costela, diz que se alonga, mas se mexe para que sinta mais dor. É isso? Mais conforto desta forma, ao menos está vivo. Se você se regenerasse dos ferimentos, mas continuasse sentindo dor, cortar-se-ia todos os dias? Estaria viciado, possivelmente. Quantas vezes caminhou solitário e desejou que soubesse como se sentia? Mas nunca se entenderá, nem nunca entenderão, porque você nunca se dispõe a entender o outro. Maria não se aproximará, porque você não permite, nem tem paciência para tanto. O que é amor? Enquanto isso, aguarda o machado, vai lá de novo vender o corpo e a alma, se fosse antigamente se rebelaria, aliás, foi o que fez no passado, mas o futuro chegou e você ainda não se enquadra, então vai se vender e garantir o sustento e dessa forma ser mais uma engrenagem no sistema, finalmente mais um merda normal, João, alguma vez você...?

Retirou-se para dentro de si, trancafiou-se. E ninguém sentirá pena, pois estão todos ocupados com seus próprios deuses loucos.



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domingo, 17 de junho de 2012

Idiotices do João [12]

João não sabe o que dizer. Na verdade, não precisa. Uma qualquer lhe sussurrou o que deveria ser feito. Não pode, jamais. Quem as pessoas pensam que são para ditar qual melhor rumo de ação para esses que nem conhecem? João olha para a parede, esperando que nada aconteça. E nada aconteceu mesmo. Admiramos o seu empenho, disseram. Trancado no quarto, dedicando-se ao seu objetivo solitário, eu não sou capaz disso, não mesmo, mas você o faz, João. Disseram-lhe. Uma qualquer, assim como outros quaisquer, não fazem ideia. E João nem se dá ao trabalho de esclarecer. Se falar, então mostra que está incomodado? Qual o ponto de tentar explicar? Ou não entenderão ou não darão importância. Cada um com seus assuntos. Mas acertou quando disse que é do tipo que vomita as palavras. Sim. este estilo jamais mudará. Uma outra qualquer se atrapalhou, acho que era viado. Há de se rir. João se aproximou para falar-lhe no ouvido, acariciando-lhe o rosto com delicadeza, encostando seu corpo ao dela. Fez isso várias vezes. Deliciou-se com o enrubescimento causado. Mas só. Nenhum desejo, nenhuma vontade. Nem há mais o que tentar entender: não há nada. Mesmo bêbado, nenhuma interessou. Parecem insignificantes. E insignificante lhe parece falar sobre isso. Cada um com seus entendimentos. Tentarão preencher com explicações e deduções. Melhor a solidão à companhia insatisfatória, não é isso? Vosso Reino já se foi, mas outro Reino ainda mais resplandecente está para tomar o seu lugar. Maria? Não há Maria, isso é uma bobagem. Desdenha o que queria comprar? Não há o que desdenhar, porque nunca houve nada, nada além de uma possibilidade. Que não se concretizou. Quando a mãe ligou, preocupou-se com o futuro. E há quanto tempo estamos preocupados? E todas as trajetórias anteriores? Já aprendemos que não adianta tentar fazer o que todo mundo faz. Já aprendemos da pior maneira, já sabemos. Alguém liga para o colapso mental e que nos afundamos no passado recente? Uma semana inútil numa cama imunda. Uma semana sem conseguir sem conseguir comer, sem conseguir se mexer. Apenas ia beber água. Não é incrível que tenha permanecido vivo? Vamos? Vamos. Vamos sozinhos, do nosso jeito. Quantas correções serão feitas aqui? São todos loucos que não se entendem. Talvez algum dia... algum dia que está para chegar. Não tente prever, não procure compreender agora. Sabe-se que no Grande Teatro do Mundo, a improvisação é que é a moeda corrente. Planejamentos prévios de nada adiantaram. Vomitar um pouco mais, talvez, mas apenas palavras. A intoxicação do álcool já não surte mais efeito. Cambalear um pouco, ousar nas ações, mas a percepção é a mesma. Tudo ao redor parece ridículo e pequeno. Insuficiente. Para um dia em que se estende na imparcialidade dos estreitamentos inglórios. Podemos berrar? Na verdade, temos certeza. Está por vir. Temos então de respirar na escuridão, em solidão e em silêncio, respirar. E aguardar.


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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Recanto das palavras perdidas


O vento apenas dirige o olhar levemente a uma folha amassada que cedo espreita na alta murada, como se nada quisesse. O espírito do tempo mal contado nunca foi acertado de forma errada. Nunca se soube fazer de outro modo. A tradição já fora estabelecida por ventos recorrentes anteriores, e a pureza anterior não seria questionada por areias de desertos terrenos. Era simplesmente desnecessário. Não se fazia precisa a presença aérea de saberes incongruentes ou de aferições técnicas da realidade. O ar era suficiente. Nada que constituísse arcabouço refutável seria atribuído a cem mil folhas destoantes do monte que se encontrava leve e liberto, próximo do calor juvenil. 
Nada que soubesse o espaço que ocupava seria dotado de alguma senil importância. Nada que ousasse honrar a faltante inadequação seria meramente considerado plausível por alguma referência perolada. A pérola se colocava entre o dissabor e a queda, de forma que nada conseguisse discernir onde o fervor acabava e o tremor principiava. A porta entreaberta acolhia o desamparo juntamente às gotas que se avolumavam no nulo espaço do sem-chão.
 A vivenda tinha sido esquadrinhada pelo som dos séculos que não ecoavam mais, e permanecia vazia. Tudo que a voz que perpetuava o caminhar percebia era que o tempo não tinha transcorrido. Apenas  revelara para aqueles que o observavam, de uma forma tão sutil, quase entreaberta, que se houvesse percepção concreta já haveria alteração da imagem capturada, e não poderia ser de outra forma. 
O existir concreto nunca permaneceu naquele tecido roxo-azulado da almofada que sussurrava para o decorrer do tempo que a própria finalidade do ato de utilizar-se se tornou irrelevante, e por isso a voz se ausentou. Ausentara-se juntamente com o corpo ainda morno daquele que um dia pode observar o vento e solidificar a vivência enquanto todo. 
Uma gota de água se desprendeu do malformado teto de madeira e se recostou parcamente no que sobrara de tempo a ser consumido na moradia. O círculo formado pelas pendências construía um terreno ilógico de existências irreparáveis que, por vezes, se cruzavam em uma tentativa inútil de se apropriar do significado de algo externo. As palavras só se apoiam em saberes não construídos, apenas aceitos. A voz é sempre passível de modificação. 
O ar é transitório e sua transitoriedade é necessária para que as paredes sejam erguidas. Não se constrói nada com a falta de correspondência. Uma folha branca se aconchega em um fiapo de ar que restava ali recolhido no telhado de palha da habitação que um dia fora verbal. Agora, apenas se colocava em meio à inexistência da falta de definição lexical.
Descanso. 



*Escrito por Fernanda Marques Granato
*Esse texto está protegido pela lei de direitos autorais.


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Idiotices do João [11]

Na madrugada da rua, João observa, sente o frio no rosto, observa. Não há mais descrições, pensa, não se limitará a modelos viciados, argumenta. Tentaria arrancar de si próprio, mas na verdade é o que faz. Estrangula a vontade. Não é isso? João desdiz seus pensamentos. Tenta evitar, mas estão ali. O toque de Maria causa-lhe algo. Esqueça-a. Ela não acredita no que João diz, ela não o deseja. Esqueça-a. João aperta o passo na madrugada. Repte-se na ladainha. Não há vítimas nem culpados aqui. João deseja a grandiosidade. E o que fará com isso? Conversas, e galanteios. Não, nenhum. Não preenche, não serve. João retoma. Precisa rasgar a própria alma para que compreendam. Não adianta. Se todos pudessem tocar a mente um dos outros, o mundo seria um lugar melhor? Se todos tivessem acesso ao âmago do outro, compreender-se-iam melhor? Se eu fosse como a chuva, que une os eternamente distantes céu e terra, poderia eu tocar o coração de outro alguém? João pondera pela insanidade das relações. João pensa em Maria, outra vez, deseja-a. Não apenas por... João não consegue dizer em palavras. Mas não há crédito. Há descrença. Paradoxos. Não há vítimas. Expressa-se mal. Quantas tolices são necessárias para que se entenda? No instante já, deste momento aqui, perdeu-se o que ia falar. Fale-me agora! Não. Não há vontade agora. Perdeu-se. Retornará. Sempre. José mandou tirar as descrições. José, o melhor amigo, aquele que o entende. Mandou tirar as descrições. João retirou. Porque não há necessidades maiores de explicar o que está explícito. Por isso, não há o que dizer. Ações falam. João retira suas cordas vocais. Quando andou até lá, quando anda até lá, os dias todos, fones de ouvido, o que pretende? Busca os cantos escuros, para que não o incomodem. Quantas tentaram se aproximar? Não há nada aqui. Perdeu-se as mais preciosas falas, sentimento passou. João olha para Maria com os olhos da mente. Esqueça-a. Não há nada. Mentira. Deseja-a. Deseja o corpo, a mente, a alma. Como provar que seus sentimentos são verdadeiros? E são mesmo? O que é real? Só o que é palpável? Certa vez, Maria insistiu que o amava. João negou. João não acreditou. João repeliu Maria. Ela retornou. Insistiu. João repeliu outra vez. Maria insistiu de novo. Era real então? João apostou. Mas acabou. Nada dura para sempre. Insignificâncias não combinam. Não combinavam. Era louca e dependente. João observa potenciais, até mesmo a falta de potencial. Após duas semanas, agarrou-se com outro. Claro. Não era real. João seguiu. Maria, anos antes amou-o. Era à sua altura. Mas acabou também. Está bela agora, bem longe. Combinaram, e não combinaram. E quando Maria veio de muito longe, para treparem em motéis baratos, João se lembrou. Lembrar-se-ia sempre. E para sempre. Falta de significados. Por que agora seria diferente? João corteja Maria desajeitadamente. Ela não acredita. João também não se fez acreditar. Uma tolice? Pensa demasiado, sente. Sente? É real. Por que quer que seja? João não se explica. Recolhe-se em sua cubata, seu mundo. Enxerga com os olhos da mente, e respira na escuridão. Terras puras em total escuridão. Respirou forte, para concentrar a energia. Sempre energético. O caminho da Supremacia ou o caminho do Herói Épico? Crescer através da mudança e liberdade ou lutar por propósito e equilíbrio. João quer virar magma. Queria que fosse uma ilusão, mas não é. O que são sentimentos? Se João desistir agora, esquecerá. Esquecerá? Encontrará Maria outra vez? Arrepender-se de jamais tentar? João queria dizer, mas não pode. Não deve. Respira e pensa em Maria. Por que essa insistência? Sente-se melhor quando está apenas por si só. Segue em frente, ignorando todos ao redor, é tolice. Quantas insignificâncias! É tudo uma tolice. Remexem-se nas pseudo-políticas, molecada esquerdoide. Tem de fazer o que acha certo. O outro extremo é ainda pior e nojento, patético: os reacinhas. São um lixo ainda mais imundo. Mas ambos os extremos são bitolados. Então, por que se preocupar? Não está explicando direito. Falta habilidade? Sim. Deseja que a história extrapole todos os limites, cansado de ver tantos quantos compartilhando imagens e brasões e recadinhos de histórias dos outros. Deseja que sua própria história seja aclamada, que os personagens que criou é que sejam o máximo, amado por todos. Não, não apenas isso. Deseja contribuir para o imaginário da humanidade. Encantar como o encantaram. José disse pra arrancar as descrições, então o fez. Jamais se igualará a modelos simplórios e viciados, jamais. João retoma Maria. Por que insiste? Será grandioso, gosta de pensar. Isso sim é ilusão. É? Tem de insistir, tem de tentar. Se não consegue largar, se não consegue desistir, apesar de todas as confusões e contratempos, apesar de todas as rejeições e desentendimentos, é porque... sim. Tem de admitir. Admitiu para si mesmo. Falará a Maria? Só quando a encontrar pessoalmente. Somente. Desgastes. Aquele samurai andarilho, por exemplo. Aquele da cicatriz em forma de cruz. Uma das histórias mais deliciosas e incríveis que João conhece. Então. O andarilho achou que foi incapaz de proteger a mulher que amava, e se jogou num abismo de esquecimento e escuridão, assombrado também por seus crimes de incontáveis assassinatos no passado. Mas por que não conseguia largar sua espada? Por quê? Porque a resposta sempre esteve ali. Aquilo que você não consegue largar é a resposta que procura. E aquele samurai andarilho entendeu que sua missão era arriscar a própria vida para proteger as pessoas, para que sua vida passada de assassinatos chegasse a um bom termo. Assim é João - em escala menor, é claro. Menor? Causou muitos ferimentos no passado, dilacerou almas. Assombrado pelos crimes, sempre. Assombrado pelo passado. Perguntam porque não tenta isso ou aquilo. Já tentou, já fez. Esgotou-se, traumatizou-se. Enxergando apenas seu próprio lado? Sim. Desprezível? Não deseja enxergar-se dessa maneira. João deseja Maria, sonha com Maria, sonha com o dia em que ela finalmente o aceitará. O que deve ser feito então? João não sabe, nunca saberá. Tem de agir conforme... tem de crescer através da mudança para atingir o equilíbrio. Há propósito na liberdade. Sim.

João se retira para respirar na escuridão. Na verdade, ele já sabe o que acontecerá. Sempre soube. retira-se e respira. Em solidão em silêncio... até o dia prometido.


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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Notícias de Quinta [64]


Senhas da Last.fm vazam; site pede que usuários troquem senha 'imediatamente' (Tá difícil hein? LikedIn, LastFM... daqui a pouco eu não tenho mais senha pra inventar.)
Golpe do Facebook oferece botão de 'não curtir' a usuários (Pronto. Facebook também. Pior que eu caí nessa.)
Médicos divulgam foto da vítima do canibal de Miami (Só pra vocês fazerem carinha de nojo. >.<)
Risco de morrer aumenta no dia do seu aniversário (Achei interessante... É bom que economiza memória.)
Aranhas machos castradas lutam melhor que colegas intactos *texto em inglês* (Sugestão: castrar os lutadores de UFC.)
Loja cobra taxa extra de clientes que usam o Internet Explorer 7 (Achei fantástica a idéia. Está de parabéns essa loja.)
Meninas matam amiga de infância e arrancam coração: 'Só queríamos dar um susto' (Claro, claro. Toda semana eu mato uma amiga de infância e arranco o coração dela 'Só pra dar um susto'. Sabe como é, né?)
Multinacional pagou para liberação de obras de shopping (Que deselegante!)
Rio+20: Países negociarão até último minuto (Veremos quem serão os verdadeiros favorecidos.)
Prêmio da Mega Sena esta em 80 milhões (Quem quer dinheirooo????)
CPI quebra sigilo dos governos de GO e DF desde 2002 (Imagina se resolvem investigar de todos os outros governos, do país inteiro? O mundo acabará e a investigação continua. Ou não.)
Garota confecciona vestido de formatura com lições de matemática (Especialmente para os fãs de moda e não-fãs de matemática.)
Revista Rolling Stones elege os melhores álbuns dos anos 80 (Concordo com grande parte da lista, mas não as posições.)
Maridos traídos do rock (Será que Freud explica?)
Mötorheadr lança cerveja própria (Os headbanguers piram. E os não, também!)
10 músicas inspirados em quadrinhos (Quem disse que quadrinhos não são inspiração musical mesmo?)

Tem muita notícia e nenhum comentário duplo porque nenhuma das que a Li postou me interessa. =P
Não que isso seja ruim, é só que...
Enfim... Comentem. ^^

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Notícias de Quinta [63]

Celso Russomano, assim como nós, está com saudade das sacolinhas. Volta, Sacolinha!

Profissionais que usam as redes sociais são mais promovidos, segundo estudo (Aguardando minha promoção...)
PSD usará TV para dizer que não é de oposição nem de adesão (PSD é o partido do Photoshop?)
Control C + Control Veja (Fascinante a qualidade jornalistica da revista preferida da classe média.)
Argentino com camisa do Messi é convidado a se retirar do treino (Esperava o que darling? Foi em território inimigo à caráter e esperava que mulatas semi-nuas estivessem a sua espera? Vai sonhando! E sua seleção vai ganhar de 4x0. 2 de Messi, 2 de outros que estiverem disponíveis no momento.)
Brasileiro fica pelado para não ultrapassar limite de pesagem de sua categoria (E as marias-porradas comemoram.) (Brasileiro fica pelado? Desde quando isso é novidade?)
Fim dos ônibus espaciais (Ahhhhhhhh... Só por que eu queria viajar no espaço?) (Ahhhhhh... Só porque eu queria mandar um monte de gente pro espaço?)
Stress aumenta interação social (Oi? Não era para ter o efeito contrário? Ok né?) (Também conhecida como mimimi no twitter.)
Japão cria cerveja congelada (Tinha que ser coisa de japonês. Bebuns de todo o mundo agradecem a novidade. =D) (Sorvete de cevada. *-*)
Pés de maconha brotam "por engano" em Moscou  (Aham!) (Muito chato quando os pés de maconha 'se enganam', né?)

Abraços para todos que comentaram no NdQ anterior. Abraço também pros que leram e não tiveram tempo de comentar. E fica meu olhar de desaprovação pros que não leram e/ou não comentaram por preguiça. ¬¬"

own *-*
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sábado, 2 de junho de 2012

Idiotices do João [10]

João chegou em casa, muito bêbado, escrevendo de qualquer jeito, nada entendendo, frustrações se acumulando, sempre, tema repetitivo, entre outras coisas, Maria rejeitando-o, problemas com rejeição, seu trouxa?, Maria agarrando-se com outro, João mede o cara, um barrigudo nojento, João contempla a própria magreza, considera-se esbelto, acha um absurdo mulheres às vezes preferirem barrigudos feios, acha uma afronta Maria cair de amores por um imbecil qualquer que ainda se veste mal, além de ser barrigudo, João não entende, tanto charme que jogaram-lhe em cima, João queria algum colo, talvez, jogou-se no trabalho, ou melhor, não era trabalho e sim seu projeto pessoal, era trabalho, mas trabalho agora considerado não era, não dava dinheiro, pelo menos não agora, tinha de acreditar que um dia daria certo, repetia para si próprio, num mantra louco, "um dia, serei uma pessoa incrível", repetia todas as vezes, tinha de se agarrar a essa certeza para fingir que viver valia a pena, mas acreditava mesmo, dedicava-se ao seu projeto de alma, minuciava-se, tinha de dar certo, a vida tinha de ter algum sentido além de todas essas baboseiras de sempre, abre o twitter e todos todos TODOS fingindo que são cool, inclusive ele próprio entrando na dança, sente-se ridículo ao lembrar, todos ocultando suas fraquezas e carências atrás de piadinhas babacas e frases de efeito, e o pior é que ele próprio menospreza os que são mais sinceros e demonstram publicamente suas fragilidades, então submergiu às anteriores retrocessos, lembrou-se do que poderia ser, sempre almejando ir além, além de onde?, o que mais há além?, sonhando com inutilidades, sentindo falta do que nunca teve, inútil, acreditando em qualquer besteira que a Maria lhe fala, acreditando que é possível, jamais será, jamais terá, ainda lhe jogam na cara que faz birra por não conseguir o que quer, cambaleia bêbado na rua ameaçando transeuntes, sente-se pequeno, sente-se fracassado, tentou tentou e não conseguiu, só queria ser alguém, esforçou-se tanto em ser alguém e agora sente-se vazio, olha o mundo ao redor e nada lhe faz sentido, pessoas adorando outras pessoas supostamente geniais, supostamente inspiradoras, porque escreveram um livro foda, um gibi foda, porque apareceram na TV, João olha e pensa que não queria ser um mero fã, não queria ser apenas mais um, que sentido faz isso?, falam pra ele pegar todas as garotinhas, todas as novinhas, e aí ele se pergunta, pra quê?, que ganho isso trará?, João pensa, quer ser uma pessoa incrível como todas essas que são adoradas, porque só assim esta existência inútil faria sentido, pode contribuir, pode sim, quanta criatividade fervilhando aqui, quantos mundos fantásticos se remexendo nos calabouços de sua mente, quer apenas compartilhar com todos, quantos anos treinou em solidão para hoje poder se expressar muito bem?, mas a solidão o acorrenta, sente-se estranho perante outros, Maria o convida para jantar e ele recusa, para quê?, para apenas mais uma trepada rápida e nada mais?, que ganho isso trará?, falam pra pegar todas as novinhas e ele não sente mais vontade, sabe sim que é bom no ofício sexual, sim, é, essa palhaçada da qual todos se gabam, nossa, homem que é homem tem de comer gostoso, sim, renega essa palhaçada, mas faz bem, ou pelo menos tem essa ilusão, ou pelo menos Maria nunca reclamou, sempre voltou para procurá-lo, mas ele não queria mais, desejava que Maria fosse sua rainha, mas agora é ela que o renega, diz que quer mas não quer, João entende a confusão, ou pelo menos acha que sim, sabe que Maria entregar-se-á a outro, porque é o que sempre acontece, exceto com ele, tenta se reconciliar consigo próprio, mas é difícil, se conseguir finalmente lidar consigo talvez consiga lidar com o mundo, os empregos fecham as portas e ele se sente cada vez mais excluído, cada vez mais isolado do que chamam de mundo real, refugia-se em seus patéticos mundos fantásticos, cada vez mais brilhantes e aberrantes em sua mente, sente-se para a eles se dedicar, nem percebeu Maria do seu lado, nem se deu conta, mais tarde teve de aceitar Maria agarrando-se com um outro, um barrigudo desses qualquer, João volta cambaleando para casa e ainda tem tempo para discutir com Maria pela internet, ela sabiamente se calou, João recolhe sua insignificância, fecha os olhos e dorme. 


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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Idiotices do João [9]

Faltava-lhe intensidades.
Talvez se fumasse um cigarro. Detestava a fumaça, mas o cinema e a TV sempre queria fazer parecer legal. Não lhe importava, já se matava de outras formas. Tentou se lembrar. As intensidades que deixou para trás. Quantas vezes agarrou Maria com ferocidade? Sentia-se meio ridículo pensando. Tinha desejos. Criticava todos os que se entregavam sem nem pensar. Mas era o que queria fazer. Era o que fazia, quando lhe davam a oportunidade. Levantou-se, estava desempregado, fracassou outra vez. Levantou-se e se lembrou de o quanto vagou na madrugada, incerto, desgostoso, prestes a morrer. Gostaria, talvez, nada parecia valer a pena. Dramático. Brigara com Maria outra vez, pra variar. Fora uma tempestade de palavras. Quantos socos na cara eram necessários para aprender? Ninguém jamais o salvaria, teria de se virar. Naquela faculdade de sempre acenam-lhe, com totalidade, chamam-lhe o "porteiro". Suporta poucos, finge que se importa, da mesma forma que finge que é gente. Carros passando antes, com pressa, crianças saem da escola e mães passam longe, com medo nos olhos. Quantas lembranças de quando era pequeno? Foi-se há muito. Quantas madrugadas mais? Na infância corria pelo campo, sentia-se grande, era magro e alto, era carismático, era o maioral. Mas e quando trocou de escola? Prefere não lembrar, vergonhosamente se escondia. Maria ridicularizava-o, embora tivesse beijado-o na bochecha na escola antiga. Nunca entendia. Quebrava-se agora, enquanto cambaleava, quase bêbado, pela madrugada. Melhor se bêbado verdadeiramente estivesse. Quantas vidas teriam de lhe fazer sentido para que entendesse? Seria uma delícia, se fosse. Com Maria aconteceu, tenta se lembrar, como naquela vez em que ela saiu do banho, João estava lendo na cama, ela saiu enrolada na toalha, e aí o João possesso pulou de uma só vez e desnudou sua amada Maria e a olhou de cima a baixo, prestando em cada gota que escorria, olhou nos olhos dela, ela queria, se aproximou agora devagar, para acariciar-lhe o rosto enquanto começava a beijar os seios, bem devagar, a língua rodava os biquinhos em sentido horário, alternando com o anti-horário, de acordo com as pulsações do corpo de Maria, João descia as mãos para as ancas, trabalhava sem pressa mas com precisão, arrepiava-se, mais importante eram as reações e os gemidos de sua querida, proporcionar-lhe prazer, envaidecia-se de estimular uma mulher, sentia-se poderoso, começava a pulsar ele mesmo, o membro endurecia na proporção dos gemidos de Maria, a mão desceu até o sexo dela, os dedos começaram a tamborilar nos lábios inferiores, procurava o ponto de estímulo e se concentrou nele com a mão esquerda, enquanto a mão direita brincava com o seio direito enquanto a língua brincava com o esquerdo, trabalhava devagar e com calma, Maria crescia, ofegava e se agigantava, já quase gritava, suor tão quente que quase parecia evaporar, sentia a alma transbordando, espíritos sobrepujando corpos, corpos que já se mesclavam ignorando as sutilezas, deixou para lá os trabalhos minuciosos porque Maria soltou aquele grito de gozo, agarrou-a com gosto e se engalfinharam, penetrou-a cheio de vontade, repleto de fúria, e ainda assim prestando atenção extraordinária para não machucá-la, jamais machucaria Maria, embora arranhasse-a e ela gemesse em resposta, e ofegasse com a vontade da penetração e puxasse João cada vez mais para junto de si, como se pretendesse devorá-lo, como se desejasse do fundo do coração que fossem um só naquele momento, as almas já tinham se mesclado fazia tempo, e Maria berrou, salve-me!, e então João acordou, estava babando na aula, rosto suado, havia se afundado em lembranças, quase se afogou, estava ofegante e estava zonzo, a professora percebeu e agitação e lhe olhou estranho, João desconversou e sorriu, sentiu-se meio ridículo, completamente ridículo, a aula seguiu e João não prestou maiores atenções, estava zonzo ainda naquele estado meio onírico, meio erótico, sentiu-se estúpido e saiu pelos corredores, desejava Maria, quantas vezes fosse necessário, mas a era das simplicidades foi-se há muito, a brincadeira já tinha acabado e João ainda estava no playground, ou nem tinha descido ainda, ou não se entendia quando Maria disse tardiamente que gostava dele, mas estava agora do outro lado do oceano, o que lhe adiantava?, amores não consumados, jamais se tornariam realidade, que lhe adiantava lhe confessar agora?, João fumava o cigarro imaginário em meio à escuridão e pensava, tentava se estimular para seguir adiante, Maria queria-o no cargo, propagandeou-o para a chefe, mas a chefe dele não gostou, não suportou, todas queriam-no, ao que parece, mas a chefe Maria Suprema não foi-lhe com a cara, vetou-o, Maria se entristeceu, pediu desculpas, despediu-se, e João sentiu um lixo, um derrotado, fracasso, mais um insucesso para a coleção, a vida endurecendo sua couraça, quanto mais teria de suportar da realidade?, detestava-se, chicoteava-se em silêncio, chorava no íntimo, não adiantava, apequenar-se não lhe traria resultados, teria de reagir, teria de se levantar e tentar de novo, de novo, de novo... até conseguir, sim. Reconciliou-se com Maria, portanto, aparentemente, tentava não se esperançar demais, em seu íntimo beijou-a, na sua imaginação abraçou-a com toda força de seu ser, para protegê-la das mazelas do mundo, e para proteger a si próprio do que ainda sentia por ela, e então seguiu o seu caminho.

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