quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Notícias de Quinta [121]

Opa! Estamos praticamente quinzenais hein? Mas não me culpem, eu tô cansada.


No Brasil
Bolsonaro faz Bolsonarisse e diz a entrevistador inglês que "brasileiros não gostam de homossexuais".
Senador paranaense ganha iPad da mãe de eleitor. Ou pelo menos foi isso que entendi.

No Mundo
Piratas somalianos não gostam de música pop americana. Uma descoberta genial, no caso a de que ainda existem piratas.
Modelos plus size, mas plus size de verdade, desfilam de lingerie em Paris.
Estudo mostra que pessoas tem preguiça de mentir pela manhã. Ou quase isso.

No Caderno
Semana passada (ou algo assim) o Kabral participou daquele programa "Quem fica em pé?" Infelizmente ele caiu mas felizmente esse momento ficou registrado. Segue a "ibagem":


E a imagem bonus:
Deus abençoe os gifs. Amem!
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Notícias de Quinta [120]

Tá, já sei que faz tempo que não posto mas é que ando ocupada e confessem que vocês nem sentiram falta, vai?
**Atualizando: Ia postar isso semana passada mas a PUC ficou sem internet justo na quinta. Então tô postando hoje pra não correr riscos.**


No Caderno
Teve muita coisa no caderno nessas semanas que o NdQ esteve ausente.
Teve o João sendo idiota, mas tipo, muito idiota, mas assim, idiota mesmo, idiota pra caralho.
E a Fernanda com suas pétalas que tão se lixando pras regras de etiqueta (?)
E de novo as Kabralices do Kabral, dessa vez dizendo o óbvio que ninguém quer ouvir: Somos Todos Preconceituosos.

No Mundo
Stephen King detona Crepúsculo: 'Pornô para pré-adolescentes' 
Literatura melhora percepção dos sentimentos alheios, diz estudo
Companhia aérea devolve mala para passageiro com frase "Eu sou gay" (A conclusão é a melhor parte.)

No Brasil
Tim é multada por derrubar ligações dos clientes
Estagiário pede em vídeo para ser efetivado em empresa de SP (Dica aí pro Gerson Victor.)


**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Somos Todos Preconceituosos

Somos todos preconceituosos.
Atravessamos a rua quando vemos aquele cara preto encapuzado vindo em nossa direção durante a noite fria, olhamos feio para a mocinha obesa usando roupa apertada, chamamos de gostosa a moça bonita usando roupa curta. Nos achamos no direito de ditar o que a mulher deve usar, nos achamos no direito de falar a respeito do racismo, nos consideramos no dever de alertar os gordos sobre sua saúde. Nos enganamos para fingir que estamos muito preocupados com os outros quando na verdade não suportamos ver o negro usando ostentando seus cabelos crespos, o gordo sendo feliz com seu corpo ou a mulher sendo o que ela bem quiser ser. Nós damos moedinha para o mendigo e achamos que estamos salvando o mundo. Nós deixamos de comer carne e achamos que todos os animais serão salvos da barbárie. Nós choramos quando o jornal nos diz que a morte da criança branca da classe média foi uma grande tragédia. Nós xingamos de vândalos os oprimidos que expressam seu direito de liberar sua fúria contra os meios e símbolos de opressão. Nós chamamos de maconheiros desocupados os moleques que se mobilizam em movimentos estudantis.
E nós nos achamos o máximo quando estamos engajados em tais movimentos. Nós nos achamos os senhores corretos e as rainhas dramáticas da vanguarda, nós nos vitimizamos em excesso para que todos olhem para nós, nós lutamos do lado oprimido e oprimimos quem pensa diferente de nós. Nós deixamos que nossas vaidades e nosso ego imbecil nos guie e tentamos justificar racionalmente nossas ações com argumentos viciados e tendenciosos. Nós fingimos que nos importamos para que todos se importem com o que verdadeiramente não é importante. Nós apontamos o dedo para o preconceito alheio sem ao menos nos darmos ao trabalho de olharmos bem nos olhos dos nossos próprios preconceitos. Nós usamos discursos bonitos e politizados e continuamos oprimindo com machismos, racismos, homofobias, gordofobias. Nós detestamos as palavras clichês de ordem e somos cavalgados por elas. Nós nos esgoelamos usando tais palavras viciadas de ordem e nos esquecemos de seu significado, uma vez que estamos cegos por nossa vaidade. Nós fingimos que nos importamos para que os demais se importem conosco.
Nós fechamos os olhos para nossa incoerência, estupidez e inutilidade e usamos nossos óculos cor de rosa de várias cores. E forçamos que todos os demais enxerguem as cores e formas que nós enxergamos, seja com discurso suave de um pretenso intelectual, seja com a fala furiosa de um militante, seja com o tom pretensamente sensato de um razoável. Nós escondemos nossos preconceitos e contradições para debaixo do tapete enquanto lutamos por direitos que já temos e fingimos nos importar com oprimidos que na verdade estão bem distantes de nós. Nós nos enchemos de orgulho e preenchemos nossa existência de significado quando nos apoderamos de lutas que não nos pertencem. Enquanto isso, continuamos inventando razões e mais razões para provar que funk não é cultura, massacramos quem opta por não comer nenhum derivado animal, achamos ridículo os sotaques do norte e nordeste e apontamos o dedo para quem aos nossos olhos é feio e se veste mal. Nós fingimos afetação para mostrar o quanto não nos importamos e nos intrometemos sempre nos assuntos da moda, realizamos grandes espetáculos no palco do mundo, com palavras bonitas de discursos prontos, com olhares e risadinhas certeiras e com roupinhas transadas que são a última tendência. Enquanto isso, atravessamos a rua quando o cara preto encapuzado vem em nossa direção à noite, chamamos de puta a menina que tem relação sexual com quem ela quer e fingimos estar preocupados com a saúde do gordo que na verdade achamos feio. E nos recusamos a aceitar que há pontos de vista diferentes dos nossos, nos recusamos a aceitar que nossas opiniões e opções são frutos do meio em que vivemos, são resultados de ideologias e padrões impostos, e chamamos de racistas os negros que se organizam em coletivos e de piranhas as mulheres que vão às ruas com os seios de fora. Clamamos pela igualdade sem nos darmos ao trabalho de lembrar que tratamos desigualmente nossos semelhantes por décadas, séculos, milênios.
E fingimos que está tudo bem quando se passou mais um dia em que impomos nossas opiniões sem nem ouvir o que o outro realmente queria dizer.
Somos todos preconceituosos.



**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Idiotices do João [58]


Estar sozinho é estar exposto.
O ônibus navega pela escuridão da pista enquanto João se afoga dentro de si próprio. A maioria dos passageiros está acompanhado fisicamente de alguém, mas João está só, sentado lá trás, com cara de poucos amigos, sempre afastando os demais com o olhar. Nada retornará ao que era, nem mesmo as lágrimas. E não adianta tentar impressionar com discurso bonito; alguns estão olhando, mas não dispensam a importância que você acha que tem. Eles têm suas próprias preocupações para lidar. E você está sozinho.
Você está exposto à sua própria tolice. Você se considera deslocado do movimento constante de pessoas buscando seu lugar ao sol, você observa os grupos e acha que todos se entendem uns com os outros, exceto você, você lambe as feridas da sua própria tristeza enquanto todos os demais parecem estar sorrindo de mãos dadas, você chora em silêncio enquanto mantem um semblante de falsa austeridade e uma pose de independência quase mórbida. Você finge que sabe se expressar e finge que sabe muito mais do que realmente tem a dizer. Você finge que se importa. Você finge que sorri. Você finge que está vivo.
Acordes de violão soluçam aquelas lamúrias das quais você tanto gosta. Você está viciado na sensação de se sentir à parte, de se sentir uma criatura trágica no grande palco do mundo. Você se especializa em se isolar para se embebedar da solidão em meio à multidão. Se pudesse, você derramaria lágrimas de sangue onde todos pudessem ver. O que você quer não é apenas uma variação do “olhe para mim”? Você está buscando algo intangível. Ou pelo menos é o que gosta de pensar. Você não está satisfeito. Você você você. Eu eu eu eu. O ego, a noção extrema de si próprio, sempre sufocando seu pensamento, sua sensibilidade e suas escolhas. Você e a sua dificuldade extremada para se conectar com outras pessoas. Você ao menos se dá ao trabalho de tentar ver com os olhos do outro? Você finge que acha que entende o que o outro sente, mas você mal compreende as sensações que experimenta e o que você realmente deseja. Você está sozinho e perdido. E adora se sentir assim.
Você, assim como todos os demais, adota suas próprias táticas para ser notado. Você opta pela trilha que considera mais elegante de chamar atenção, ou pelo menos assim gosta de pensar. Como se isso fizesse diferença. Você está racionalizando, você está desumanizando a sua declaração. Você está fingindo que está levando isto a sério, está fingindo que há algo de relevante para ser dito. Você continua olhando para os demais e os demais continuam vivendo. Assim como você. Não há como saber que desejos e quais anseios estão se contorcendo no coração alheio. Você mal consegue lidar com as suas necessidades. Você se sente culpado pelas escolhas infelizes e pelas pessoas que magoou. Você investe num discurso bonito e não se sente à altura de suas belas palavras. Você é visto como um exemplo para uns e magoa outros à boca pequena. Você busca algo que não existe e dedica sua existência miserável a uma causa perdida que nunca será completamente alcançada. Você se senta em silêncio na escuridão, ansioso que alguém busque contato. Você observa as passagens dos anos e se esforça para fingir que tudo isso vale a pena. Você fracassa seguidamente em suas tentativas de conexão com outras pessoas, você finge para si próprio que será a última vez até tentar de novo. E fracassar novamente. Você fecha os olhos desesperadamente tentando enxergar a si mesmo, mas só consegue ver uma criança chorando compulsivamente atrás do muro. Por vezes você visita o coração das trevas, onde nem mesmo seus demônios têm coragem de lidar. Você observa impotante seus paraísos despencarem na sua cabeça enquanto você ainda está tentando reparar suas asas quebradas. Você reforça sua máscara de austeridade e sua postura magnânima enquanto a criança continua guinchando um choro estridente atrás do muro.
Estar sozinho é estar dolorosamente exposto a si próprio.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Um tufão na esfera das formigas



Todas as pétalas se beneficiam da falta de necessidade de consciência (ou não) da relevância. Pouco importa se uma pétala soube utilizar seu conhecimento específico, se soube combinar texturas, se soube dizer como se sentia ou se soube esconder o seu segredo da hora inapropriada. A inconveniência era uma eterna desconhecida para qualquer pétala. A pétala não deve ser punida por desconhecer (ou mesmo por não seguir) banais regras de etiqueta. 
A pétala pode se ausentar quando pressente uma tempestade, e reaparecer apenas quando o orvalho estiver habitando a delicadeza das nuvens. Ninguém se ocupa dos pensamentos da pétala como se descabelam com determinados pensamentos nossos, ainda que habitem apenas a esfera psicológica - nem a esfera psicológica é intocável como a pétala. Lei alguma é aprovada ou indeferida sobre as relações entre pétalas. 
Beije quem queira, e nada me valerá a esperança. Beije quem o escolhera, e nada me valerá a impureza. Beije duas pétalas vazias de decepção - porque essa está toda ocupada com a humanidade - e de nada me valerá o compromisso. Beije seu orvalho e minha pureza e serei sempre sua. As pétalas não necessitam de poesia para sentir a beleza estética do lirismo da vida, pois elas são o soneto do jardim, são o dodecassílabo do existencialismo. 
As pétalas não entendem segredos - não necessitam da ausência que eles abarcam. O separar-se tão característico da humanidade enquanto indivíduo é totalmente incompreensível para a delicadeza de cada pétala que participa da decadência contemporânea do jardim que um dia poderia ter sido salvo por algum conhecedor da peculiaridade condicional das pétalas. 

Um homem amarrotado em seu jaleco há três dias sem lavar passa sem se dar conta pelo jardim, e não se apropria de seu tempo para coabitar no delas. Julga padecer da falta de tempo. Pétala alguma conhece falta de tempo, pois o tempo é percepção, tempo é subjetivação, tempo é renegar o olhar e desejar o além-mar, tempo é repetição, tempo é entregar-se para o outro. Tempo é paixão. As pétalas sabem tudo da paixão. 


*Texto escrito por Fernanda Marques Granato.
*Texto protegido pela lei de direitos autorais. 
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**