domingo, 24 de junho de 2012

Idiotices do João [15]

Há um certo excesso. Menosprezos ainda não nascidos reverberam por todos os conhecimentos incompletos. João regurgita a si próprio, na vã tentativa de renascer. Mas há apenas uma vida, e não há continue. Os sons bonitinhos continuam piscando, risadas felizes na sala. Durante o almoço, contamos a respeito da vida. Nossas amizades se regozijam de nossos pequenos sucessos, torcem por nós, pedem nossa presença. Quantos amigos queridos desejamos além dos que já temos. Esses pequenos instantes que nos lembram o quanto divorciamos de nós próprios. As palavras corretas não foram capazes de fazer seu percurso até seu destino. Reduziu-se a um drama pateta, de deslizes sem campanha. O modelo foi interrompido. Quantas chances desperdiçadas? Sussurrou-lhe algo, ele desejava algo que nunca foi. Saudades do que nunca aconteceu. Alguns todos repetiram falácias em que supostamente seriam profundas. Nenhuma novidade. Houve falhas na comunicação. Ficou bêbado das próprias emoções. Quantos anos você tem João? Emoções que lhe guiam as mãos alucinadas. Quando pensa friamente, friamente age. Repleto de uma paixão imperfeita, fala asneiras. A palavra dita sem pensar nunca mais volta. E nunca mais será. Falhou-se em tentar entender. Fechar-se é a solução? Olha para a paixão segundo o gênero humano. Ali estão as respostas? Expressa-se desta forma, mas foi incompetente em demonstrar o melhor de si. Por que não consegue compreender  próximo? Não mostrou, não conseguiu. Fracassou. Estamos nos chicoteando? Estamos olhando para o teto. Você consegue olhar para outra coisa que não o seu próprio desejo egoísta? O meu mundo é composto por mim e pelas pessoas que a mim importam. E o que é se importar? Que espectro é esse que acha que é sentimento? Alguém com segurança maior e maior discernimento e maior foco vai conseguir conquistá-la. Conseguirá. E ela será feliz. Está se chicoteando outra vez? Sangue manchando o chão da sua alma. É para sentir pena? Desabafos de tolices. Quando sorriu na barca, lembra? Estava em alto mar, olhava para o vazio. Quando chegou, perguntaram o que havia acontecido. O quanto para chamar atenção. O que se deseja na verdade? Não entendemos. Repele então. Repelirá até quando. Até nunca mais. Sabe que não é verdade, já brincamos disso de novo e outra vez. Até nunca mais. Inócuo. O que nos atrai e nos afasta? Não é só este mundo, há outros. Há outras variáveis. O que está esperando. Olha para a manhã bem cedo, quando abre os olhos, o que há de humor além do intolerável? Sons de risadas na sala, não caia na falácia inútil de que mais feliz são os outros. Não. Estão os pormenores no mesmo nível de satisfação. Falar que era tão forte quanto os alicerces do mundo foi um exagero? Somos um poço fervilhante de drama, gostamos das bonitas palavras. Essas leituras em excesso. Acha mesmo que é melhor que alguém? Quando disse que nasceu para vencer, houve retaliações. Mas destino não existe, sabemos, não é óbvio. Quantas grosserias por tão pouco. Conseguirá retornar? A falta de paciência gera desamores. Era só ter aguardado, era só continuar trabalhando em silêncio. Pressione e ouvirá o que não deseja. Assim não é consigo próprio? Relaxa nas capas, são duras, escritos bonitos. Mimadinho. Tosco. Somos uma surra de impossibilidades. Mais chicotes. Dramas que a nada levarão. Lembra-se das existências passadas? Lembranças de ontem. Já dançamos essa maravilha. Estamos nos repetindo. Falou-se para desertar. Você sabe quais são seus crediários? Sorrisos na sala. Sorrisos. O que está faltando? Melhorou-se, boas novidades, estão todos parabenizando-o. Pode ter a decência de esperar? Pode aguardar, por favor? Dilacerar a si próprio jamais será a solução. Destrua quem te ama e rasgue a própria garganta. Leu um pouco. Aquela narrativa se baseia numa simples premissa, e agradou bastante. Pode então ser mais simples? No fim, mostra apenas o pior lado para quem gostaria de apresentar o melhor. Fala o que é e é pior que o contrário. Acostumou-se pessimamente com os que reconhecem seu valor e te prezam? O que está faltando? Quando te venera, você chuta, quando te chuva, você odeia. Mimos. Estamos nos perdendo. Estamos nos apequenando. Ainda assim, estamos vencendo. Consegue enxergar isso? Consegue perceber as conquistas que ascendem agora? E o que gostaria mais? Com quantos mais fracassos terá de flertar? Eu quero sucessos, você percebe. Mas a existência é só acertos e erros? Não. A vida é viver. Não é simples? 

Então, por que você não está vivendo?



**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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