quinta-feira, 28 de junho de 2012

Idiotices do João [18]

Papagaios humanos se repetindo, papagaios, zanzando pelo mundo subterrâneo de suas próprias idiotices, têm dificuldades até de perseguir os próprios rabos, papagaios sem cérebro, é uma pena comparar tão bonitos animais com essas bestas humanas, onde está sua arrogância agora, João? Estava ele perambulando pela podridão de seus pensamentos ruins, sempre odioso, não sempre, mas às vezes, assusta os outros, não?, ela vai ler isto aqui e vai temer ainda mais você, esta escuridão sinistra, repleta de amargura, falar dessas coisas não soa meio adolescente não?, sem parágrafos, qual é o valor do que está sendo dito aqui?, nenhum, assim como não há nenhuma luz do outro lado da lua, poderíamos talvez mergulhar no lago frio do inferno, proibido de chorar já que as lágrimas congelam e queimam a face. quantos lobos rasgaram a própria pele para dilacerar a garganta da amargura?, acelerou hoje para se foder nas perspectivas, planejamentos despedaçados como se fossem melões podres atirados contra uma parde de barro imundo, talvez se triturar os ossos e enfiá-los bem no cu, não é nem um pouco estático, e que tal aquele bonitinho magrinho de bonitas formas, somos todos iguais quando digo que somos feitos da mesma matéria de merda, disse lá para o amigo que odeia todos, nossa, é mesmo?, parece uma criança falando, que tal ouvir esta musiquinha em que há um babaca berrando?, agressividades de ontem, quanto rancor pretende guardar dentro de si sabendo o que nisso acarretará?, aquela doença aguarda, sim, você sabe do que estamos falando, orgulha-se tanto de sua saúde de aço, mas aquela doença linda virá assim que tiver acumulado mágoa e rancor suficiente, tem certeza que deixará isso acontecer?, respira para as palpitações, quase estragou tudo, zanzando pelo mundo subterrâneo, lembra de quando ele tinha pele pálida e olhos vermelhos?, mostrou para a professora, ela gostou e elogiou, ou melhor, ela não gostou mas elogiou, porque estava bem escrito e desenvolvido, mas aquele enredo doentio e fantasioso não lhe interessava, quantas perversões esconde dentro de si, meu caro João?, ou não é apenas um estúpido comum que deseja aparecer?, quem de gorda fala mal com gorda amanhecerá, todos os seus preconceitos voltarão para te assombrar, enquanto não for capaz de superar a si próprio permanecerá refém de suas limitações e jamais atingirá o estado que tanto almeja, apequena-se, persegue-se em vão, o que te espera além do vazio?, depois tem de se desculpar inutilmente, se rebaixar, gosta mesmo de chicotear a si próprio?, ninguém irá se sensibilizar com o que aqui está sendo dito, milagre será se lerem até esta parte, o que espera da vida, meu caro João?, mostrou para a pessoa que admira naquela festa, jamais se esquecerá, ela sorriu e disse para continuar adiante, hoje está casada e com filho mas permanece como uma das poucas pessoas que admira, curva-se perante sua sensibilidade e inteligência, quantos mais você considera no mínimo iguais a você, João?, não é só uma questão de arrogância, atrapalha-se nas explicações, está se comunicando com quem?, os instantes se alternam nos cortes, rasgue o pulso e sangre, veja sua vida se esvair em cascatas de vermelho, quando criança pensou em meter a faca na própria garganta, não foi?, odiava tanto a si próprio que se considerava indigno de existir, considerava-se um erro terrível, hoje em dia ao menos tolera respirar sob a terra, não é isso?, complica-se sem necessidade, continua respirando e aguardando, você já sabe que vai dar certo, agora pelo menos sabe, então saiba esperar, saiba ter paciência, não é para isso que respira todos os dias e todas as noites?, respirar na escuridão sob o som da música agradável, foi o meio que achou para manter o excesso mais ou menos sob controle, não há um único caminho ou maneira, mas é esse que usa para si, não sabe explicar para os outros, mas tem de ser feito, há alguma lua no céu para rir da sua cara?, sons em casa, as pessoas chegam e se acomodam, riem e se divertem, você é capaz de rir de verdade, meu caro João?, pelo menos os livros estão arrumados, agora pode se considerar novamente um ser humano, as cores e formas, tão bonitas, como você gosta das cores e formas, gosta dos corpos bonitos, ao menos os que estão ao seu alcance, o que adianta babar por celebridades irreais?, há beleza na feiura, há beleza nos defeitos, mas quem é que vai aguentar esse excesso de intensidades?, enquanto isso, é aturar a si próprio, a vontade é de berrar todos os dias, berrar alto, socar e quebrar e liberar a fúria, se pudesse saltaria pela janela berrando insanidades e obscenidades, berraria enquanto asas de morcego brotariam das costas, rasgando a carne e causando aquela dor que você tanto gosta, adoraria vomitar fogo, sentido a garganta queimar enquanto as chamas percorressem seu trajeto até a luz do mundo, tacaria fogo em tudo só pelo prazer de ver todas as coisas se reduzindo a cinzas agonizantes, fogo, fogo, fogo, dizem que seu paradigma é cavalgar loucamente as chamas da mudança, agora vai se abrir para novas companhias?, desejam-te, ao que parece, desta vez não vai mais negar?, vai abraçar o que não deseja?, terá toques e gracejos, a cama se esquentará com outro alguém, mas não será outro alguém que você deseja, vai mesmo aguardar que um dia ela venha?, por que outros enxergam tão bem o que você tem de tão bom - coisas tão boas que nem mesmo você sabia que tinha - e no entanto ela não enxerga?, vai ler aqui e vai atrapalhar o processo, todo esse lento processo no qual João tem de ter paciência, sorria e respire no escuro, você sabe que tudo terminará bem, só que não no tempo que você deseja, o tempo tem sua própria rotina, eu não odeio você, não mesmo, eu gosto muito de você, para quem está falando isso, meu caro João?, está se perdendo aqui, você se lembra daquela história que criou?, está com mais de cem páginas, não, não é essa que pretende publicar, é aquele protótipo guardado a cinco chaves, na verdade está impresso num velho caderno, é tão confuso e sem propósito quanto o que estamos falando aqui, aí se lembra de outros, de manuscritos perdidos, perderam-se, tinham algum valor literário?, isto aqui com certeza não tem, o que é esse valor?, quem determina isso?, a academia se perde, a academia adora qualquer coisa, não qualquer coisa, mas o que eles consideram hermético o suficiente para que a maioria não entenda, e a maioria é quem consome qualquer coisa?, você pode ter essa arrogância de determinar o que é bom ou ruim?, por isso não consegue ser fã de nada, porque um grupo de músicas ou escritos ou atuações são muito bons e merecem ser dignos de adoração, e outros não?, quem determina isso?, não entendem quando você se perde no excesso de relativismos, por isso não consegue gostar de nada, parece-lhe que se gostar de algo estará desrespeitando todo o resto, aí camufla a confusão com arrogância e desprezo, por que tem de fingir que é mal?, por que tem de fingir que é um babaca, meu caro João?, está se desperdiçando, quem você quer que enxergue não entenderá, assim você também não tentou entender?, por que é tudo tão confuso e por que nos perdemos de nós mesmos?, por que precisamos vomitar essas palavras estúpidas?, alguém, por obséquio, me diga, por que estamos aqui?, por quê?



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