sexta-feira, 14 de outubro de 2016

When I grow old


When I grow old, I won’t be buying beef stroganoff for storing in my fridge.
I won’t be worried if I don’t get the joke’s punch line.
I won’t be seen wearing uncomfortable clothing.
I won’t be caught dead doing mandatory things – except growing old.

When I grow old, I won’t be needing my alarm clock.
I won’t be dealing with annoying delivery men.
I won’t be hoping for the best.
I won’t be worried if I fail.

When I grow old, I won’t expect too much of anything.
I won’t lay plans out for others.
I won’t be sorry they didn’t lay any for me.

When I grow old,
I will be at ease with myself, and

I won’t be denied the privilege.


* Texto por Fernanda Marques Granato.
**Protegido pela lei de direitos autorais.
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Quando o sofrimento bate à porta

 A troca diária de luz por sombra pela qual a porta passava frequentemente já a tinha tirado do sério, fazendo a fechadura ser esquecida fechada. Dessa forma, não havia mais luz, não havia mais mudança, não havia mais barulho, não havia mais troca, não havia mais movimento.
As duas batidas secas na madeira desbotada não incomodavam mais, pois não havia abertura. Não havia aceitação de existência desgastada alguma, de cores pequenas ou de dúvidas fechadas. O incômodo se originava do constante atrito entre o batente e a porta, que nunca foi do tamanho certo. Nos dias úmidos, era muito pequena. Nos dias secos, era muito grande. A angústia gerada pela abertura involuntária era tão grande que todo o ar do mundo entrava, aquietando-se na sala de estar e mostrando a que veio. O sofrimento que o acompanhava era tardio, mas decisivo, e sua presença era forte e habilidosamente constante.
Quando o sofrimento bate à porta, abro logo sem padecer nem evanescer, pois sei que é certeiro e pesado. Sei que pegará a sala em seu pior momento e se aproveitará da sua desorganização, da sua fraqueza e da sua falta de alimentação. Sei que quando o sofrimento bater à porta, nada poderei fazer, a não ser abrir aquela que tenta inutilmente criar uma sombra debaixo da qual tento debalde me proteger.
Apenas poderei me apresentar parcamente para aquele que tudo desfaz, que tudo enevoa e tudo reconfigura.
Apenas terei que me refazer a cada segundo para me reajustar às mudanças feitas por ele, por essa força descomunal que levou a minha porta, levou a minha sala e levou a minha névoa, da qual eu tanto precisava para não me sentir sozinha.
Agora, sem a minha consideração, nada em mim resvala com peso significativo. Sem a minha fraqueza, não posso mais desenvolver meus passos e não sei mais até que sombra já me aventurei. Não sei mais como poderia ter sido esse futuro que não mais será, pois sem porta, sem entrada, sem começo, sem pompa e circunstância, nunca saberei se estou de fato pronta para enfrentar esse mundo inóspito sem sombra, sem porta e sem fraqueza.
Quando o sofrimento bate à porta, sei que só me resta abri-la.
Quando a fraqueza me acomete, sei que ainda tenho uma sombra para encontrar.
Que história somos capazes de contar sem sombra nem luz, sem sofrimento ou conflito? Nenhuma, respondem os filhos do mundo sem sombra.
Quando o sofrimento bate à porta, digo apenas: “Despreparada estou para lhe receber, mas a casa é sua”. Ofereço-me de braços abertos, pois sou tudo o que ele tem a me oferecer. E a ele sou grata. Sofrei-vos!

*Texto por Fernanda Marques Granato.
**Protegido pela lei de direitos autorais.
***As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**