sábado, 23 de junho de 2012

Idiotices do João [14]

Sabe...? Foi uma torrente. Emaranhados de soluços. Mentimos, não soluçamos. Foram quantas felicitações? Ao telefone regozijou-se, parabenizou muito. Não merece alegrias, João? Parabenizou, quantas novas olhadelas? Aquele bebê para nascer, convidado não foi. Então, misturamos. Era chá? Olha, voltou para falar, repararam na voz. E quando equivaleram tudo? Disciplinas já feitas, mas aí chamaram para monitorar o plantão. Chamaram de lanchas, mas aquela aliança impura enervou-nos a todos. Parece justo? Mais chocolates, por favor. Por que tanto se fala na solidão fria? Esquentou-se com cobertores e gritos. Um dia, disseram, vai conquistar Maria? Não veio hoje, conforme prometido. Não era esperado? Percebe-se troca de mensagens. Atenta. Quando veio, anos atrás, conversaram, até se chocarem na cama. Reconciliaram-se com sexo? Esquentaram-se pelas entranhas, João se lembra, Maria usava vermelho. Pô-la de quatro para prová-la. Não era quente e doce? Ainda se lembra. Mas se reconheceram quando saíram, enquanto viajaram pela estrada, cada um esperando o outro. Qual o sentido de suas peripécias? Modelos viciados se repetindo, enquanto se ajoelhava no escuro. A fogueira queimava lá fora, era certo. Não telefonou para Maria enquanto estava isolado na mata? João se lembra das mensagens, e então entrou na roda para contar a sua história. Foram abraços em excesso, e lágrimas que ele jamais deixaria sair. Anos sem pranto, persiste. Sente-se seco, não? Vamos fechar mais. Acharam triste quando disse que não falaria, em hipótese alguma. Nascer para vencer. Confundem literalmente, ora, seriam determinismos. Seriam? Uma inutilidade existir, falamos disso em outra parte. Motivos para aqui estar, enxergamos, determinamos para si próprios. Quantas labutas das massas que se escravizam? Levaram a sério quando se disse que super-poderosos não poderiam impor suas diretrizes. Se pudesse reduzir toda a existência a cinzas, você voaria até a Lua? Reconhecer rastros de Maria pelos cantos, enquanto a beijava debaixo da chuva. Terá de tocar seu rosto e acariciá-lo? Quanto mais terá de provar para sua apreciação? Deseja somente que lhe toque os lábios, enquanto a exaustão o consome. Sentar-se sozinho com chocolates, enquanto as leituras voam ao redor e se enchem de cores bombásticas. Quantas distrações para preencher a inexistência, não é mesmo? Mais interrogações? Certo. Maria se agachou para que os fartos seios lhe tocassem a face. Se lhe sorri enquanto beija a amiga, se lhe sorri, deveria João beijá-la naquele instante? Está ficando lendo, mau acostumado àquelas vezes em que Maria lhe agarrou. Agora, vamos cantar. Quando entraram na ilha para raptar a garotinha, porque os vingadores dos fãs aplaudiram? Esse cisma entre nós não é uma tola mutação? Falou-se de bolos, e bolo hoje provou, mais uma vez. Maria se ocupa de si própria, não entenderíamos. Vai aguardar? Um dia irá conquistar, disseram. Quantos vácuos interiores terá de suportar? Na verdade, fortalece-se a cada dia. Pode interagir sem medo, aprende-se ao mínimo. Senhores do que está por vir, arrancaram-lhe o coração, na verdade, perfuraram-no. Aprendeu-se com os clichês, ao menos foi-se sincero. Concordamos. Proteger a mulher que gosta com todas as forças, sim. Não é isso que João está disposto a fazer? Fantasia emprestar sua força e compartilhar-se para valer. O excesso de energia assusta a todos. Quantos análogos de si mesmo João faz proliferar? Maria se assenta enquanto observa, dá-lhe uma lambida no nariz. Não era uma encabulada quando lhe esfregou a genitália na face? Passaram-se anos até encontrar Maria de novo. Desejava apenas extrair um pouco de si. Vai proteger mesmo? Terá de abrir-se mais, e terá de entender. O quão o outro poderá se tocar? Tocaram-se na alma, seria possível? Para confiar, demorar-se-á um pouco mais. Quantas ilhas de solidão flutuam na sua cabeça? Sempre gostos diferentes, sempre apreciações diferentes da Maria. Repete-se novamente, agora que encontra Maria, de novo. Mas escapa-lhe entre os dedos, gosta mas não gosta. Terá de ser conquistada, pela primeira vez. João olha para si próprio e diz:

- Eu vivo apenas para tornar meus sonhos realidade.



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