segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Idiotices do João [53]


Não estamos sozinhos. Não temos medo. Não somos infelizes.
João encara o plano em branco. Havia solucionado grandes mistérios e alcançado poderosas resoluções, mas se acovardou perante a própria crítica e desistiu de se expressar. Continua criticando-se antes de ser criticado, continua se justificando por ser supostamente estúpido. E acaba de estragar o início de seu relato.
Então voltamos e escrevemos acima. Vejam.
Nós temos vários recados para você, caro João. João desdenha dos familiares e se afasta, e acredita que seja esse o motivo de seu fracasso nas relações. Está se justificando com tolices e proferindo falta de aprofundamento. Temos todos de cavar fundo nas argumentações para sermos levados a sério. Então, vamos nos depreciar de novo: isto aqui não tem valor algum. Desta forma, justificamos nossa inutilidade. Ninguém prosseguirá com este relato até o fim.
Agora que já espantamos 99% dos que abriram isto, podemos continuar.
O antídoto está aberto sobre a mesa. Basta apenas uma dose para que tudo fique bem. Prentendemos alcançar a resolução. João, nos simplesmente lembramos de vários passados seus. Poderíamos dizer alguns aqui, era mais bonito quando pensamos, é sempre belo quando idealizamos os pensamentos. Onde estão suas habilidades com as palavras? Justificativas outra vez. Foco.
Está bem.
Nos visualizamos o que nós fomos. O nascimento de cada um de nós foi vislumbrado. Existimos para que você seja forte, caro João. Fomos estrangulados pelos nossos medos, estamos sendo vagos, estamos sendo vagos, fomos esntragulados e desistimos de alcançar maiores valores. Fugimos quando nos apontaram o dedo, olhamos para baixo para não ver os olhares de reprovação. Quando estivemos diante dela, nos acovardamos e deixamos que o outro fizesse o serviço. Pegamos uma faca de cozinha, apontamos para nosso próprio peito e pensamos na vida. Estamos perdidos. A resolução a que chegamos era outra. Havia muito para contar, mas diante do plano em branco, perdemos.
Há mais, vamos tentar.
Estamos encarando as experiências anteriores. Quando nos reunimos na varanda para confabular com nossos amiguinhos, pensamos que aquele joguinho de imaginação seria o máximo para toda nossa vida. A cera era vermelha e nos manchava. As cadelas abanavam o rabo e nos lambiam. Nossas únicas amigas. Rainha dramática ataca novamente. Revolveram-se as épocas e estávamos sozinhos no prédio enquanto chorávamos em silêncio. Mesmo que estivéssemos com um sorriso nos lábios. Não havia qualquer aderência aos sentimentos imaginários, essa palavra esquisita. não conseguimos pronunciar, está bem, esse tal “amor”, não vamos entrar em maiores reclamações cliché, por gentileza. Estamos confundindo. Não sabemos os motivos de insistências. Aquele coleguinha, reclamando da vidinha, postando-se como o senhor forte e desdenhando dos que estavam apaixonadinhos, estava agora, está, ele mesmo, um besta apaixonadinho desses qualquer. Seremos um desses novamente algum dia, meu caro João? Novamente?
Não foi essa resolução a que chegamos, contudo.
Então vamos ao seu simulacro. Mudou-se num instante, vamos ao seu simulacro, aproveitando o isolamento.
Havíamos pensado, agora dito racionalmente, haviámos pensado que não precisávamos. Lembramos do passado e então fingimos para nós mesmos que não estamos sozinhos, não temos medo e não somos infelizes. Como diz a música. Dessa forma, tentamos nos libertar da necessidade de Maria. Que não existe. Que é uma ilusão. Então, enquanto durar a pressão. Agora, descem as escadas várias intermediárias. Novos rostos. A vergonha cresce no momento em que novas relações fracassam. Novas relações fracassam. João, estamos conseguindo. Não estamos. Aproximar-se é um fiasco, muito em breve se cansam. Rainha dramática, nós somos. E isso é bastante tolo. Estamos olhando.
E então paramos, para nos exibir um pouco.
Nossa aparência chama atenção. João gesticula muito e fala alto e chama a atenção. E é claro que tal coisa não significa nada.
Estamos perdidos.
João almeja uma majestade ilusória, na qual acredita que conseguirá se libertar da dor e da vergonha. Dor e vergonha, palavras clichés, nesse contexto. Justificando-se, sempre. Não consegue ir adiante. Sabe que é ridículo apresentar textos bonitos e bem elaborados acerca das questões do momento, uma vez que não consegue sequer lidar consigo próprio. Então, finge que não se importa, o máximo que pode, e quando percebe que já falou demais, se afasta. E não adianta absolutamente nada.
Não há nada em lugar nenhum, meu caro João.
E vamos continuar falando, porque as desgraças inócuas de sua vidinha nunca terminam.
Considera-se muito “profundo”. Uma idiotice que significa apenas pretensão babaca e inútil. Especializou-se em xingamentos e depreciações, especialmente os para si próprio. Sofre de um caso sério de N/A - necessidade de aparecer. E falha miseravelmente em se apresentar como verdadeiramente é.
João não faz mais ideia do que diabos está falando.
Vamos continuar vomitando para que não sobre mais nada. Mas ainda continuam fervilhando, continuam nos zombando. Todos nós. Quantas pessoas você fez sofrer, João? Não reclame, em absoluto, do que lhe causam. A rainha dramática ataca novamente. Está depreciando de novo a própria angústia, antes que o façam. Você não vai controlar o que pensam, não vai controlar as opiniões.
Então fomos ver os aniversários.
Não cosneguimos declarar os pensamentos verdadeiros ainda. Há um excesso de informações. Não conseguimos nos mostrar. Não estamos conseguindo prosperar.
Deveríamos dissertar acertadamente sobre algum assunto, algum assunto da moda, e dessa forma angariar grande e momentâneo reconhecimento. Iríamos sorrir e nos achar o máximo. E então o dia seguinte viria e perceberíamos que continuamos sozinhos.
Estamos nos alongando porque não há mais nada para se fazer neste instante.
Aquele pessoa em segredos consegue confortar diversas almas. Espreme pensamentos e escancara a pretensão de elaborar poderosas frases de efeito. Consegue a admiração eterna de uma legião de professores que confessam seu fanatismo perante uma sala cheia. Eles estão certos, é claro. O senhor pessoa e tantos outros eram atormentados consigo próprios, que seriam e serão e são os indivíduos no meio da arena, enquanto os senhores professores de direito divagam em teses e mestrados a respeito do que aquele solitário infeliz criou. Estamos sozinho e vomitando tolices, esperando que alguns declamem estes relatos estúpidos como a grande obra do século. O que não acontecerá ou pode acontecer mas de nada adiantará. São valores que se mudam dentro de instantes, muitas idiotices foram proferidas, perdemos tempo depreciando a nós mesmos ao invés de criar algo absurdamente genial. Deveríamos tentar mudar o mundo para que a nossa existência ridícula fosse justificada. Pensamentos adolescentes. A música chegou, assim como o trabalho. Vamos encerrar como começamos: com idiotice.
Não estamos sozinhos. Não temos medo. Não somos infelizes.
Mentira.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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