Havia alguma exuberância naquela idiotice prestes a desabrochar. João se ajoelhou para colher mais uma estupidez sem o menor sentido. Relacionado em seu leito de inércia imbecil e decadência pretensiosa, olhou para o teto com a intenção de criar a mais nova linguagem genial do mundo. Só esqueceu de avisar. Avisar. Parou. Porque era claro que não havia nada para dizer ou acrescentar, o João que se considerava... Parou outra vez. Havia alguma distração naqueles olhares. Depreciação. Toma-lhe o chicote para fazer arder as costas. Teria coragem de dizer, mas expõem-se todos, nem estamos com significados suficientes, perguntariam se absorveu algum hoje, das alturas trágicas poderia se submeter ainda mais, é digno de dizer? É pertinente dizer algo? Sorrateiramente respira, ansioso para que ninguém repare, desgostoso porque ninguém sequer deu a mínima, em contradições confiamos, João ficou de cócoras enquanto se balançava, talvez pudesse resfolegar algumas asas e voar um pouco, várias penas brancas e pretas caindo lentamente como nos filmes e jogos, angelicais espadas e pistolas, gritou para que o sangue jorrasse, quase todos na sala para vomitar desinteresses fingidos, deveria contemplar menos o que lhe falaram, ser menos inteligente, odiamos usar essa expressão, essa palavra, não são todos pensamentes?, inteligente é quem ou o quê?, quem é que se considera senhor pensante acima de todos?, vamos então deflagrar animadas discussões e conversas nas redes sociais, todos mui concentrados nessa inutilidade chamada senso comum, fingir não se importar e dar-se ao trabalho de engrandecer o que é medíocre, incapaz de suportar ou mesmo de digerir, havia pregos nos olhos, talvez alguma baba ácida para cuspir em orgulhos feridos, imagens de si próprio, ilusões de grandezas juvenis, estendendo a confusão para além dos laços, quantos vazios são necessários para preencher um ego tão repleto de si mesmo?
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