Idiotices do João [37]

João se deitou na rua esperando ser atropelado. Era melhor do que continuar se arrastando rumo à capital de Lugar Nenhum.

Havia muitas encrencas balançando tentáculos ao redor. João simplesmente almejava o direito de existir sem maiores exigências. Só que o teatro da vida sem sentido cobrava seu tributo. De novo as palavras pomposas e o ar de arrogâncias inúteis. Agora, vamos começar a nos perder, e todos os demais pararão por aqui. Havia sustentabilidades naquelas caminhadas solitárias pelo cinza sonolento da cidade. Há sempre muitos pensamentos.

Pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos uma torrente de pensamentos vários deles todos se inundando contorcendo enforcando-se pensamentos pensamentos várias culpas frustrações culpas culpas culpas culpas reais e imaginárias limitantes culpas desnecessárias e aberrantes tolices e palermices culpas destravando-se em nada pensamentos pensamentos pensamentos assim mesmo sem beleza nem substância tolices tolices sonhos desfeitos desnaturados desventurados desconseguidos desavergonhados sôfregos sôfregos excessos excessos excessos excessos excessos excessos excessivos convencidos iludidos imóveis inertes tolos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos culpas culpas culpas culpas culpas tristezas tristezas tristezas tristezas tristezas pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos pensamentos.

Você não passa de uma sombra do que você realmente gostaria de ser.

João se deitou no momento em que o caminhão corria para esmagar sua cabeça pensante inútil.

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