Dignou-se a encobertar os próprios arrependimentos, mas fracassou. Obliterou-se em reclusão, sequer se deu o trabalho de se levantar. João não vestiu uma roupa desde que nasceu; trajava apenas máscaras. Enquanto caminhava pelo mundo subterrâneo, o que via? Repetia-se na mesma canção, chicoteava-se. Flutuações de João, ondulações no humor e nas intenções. Olhando para vazios sem substância. Você pode superar os próprios clichês e elaborar alguma novidade significante? Não havia, realmente, nada a ser dito, mas ele precisava vomitar assim mesmo. De alguma forma, existir sem que precisasse argumentar a respeito. Vá lavar uma louça, escutaria João. Vá arranjar o que fazer, não há nada. Colapsos sem força. Arrependeu-se de algo? Perguntou o que fez da vida. Perguntam. Olha com sorrisos e querem saber. Um entretenimento, apenas. Querem viver e sugar e molestar apenas por uma questão de entretenimento. E os significados? Permanece em solventes de ausências. Ausenta-se. Mascara a própria falta. Para ver que está a salvo, para ver crescer. Seria possível? Alguma esperança de momentos que se desperdiçam. Ao vento, desintegram-se. Proteger com a própria vida? Clichês. Clichês. Faltas. Ausências. Nada novo sendo acrescentado. Havia alguma coisa aqui? Buscar pela memória de décadas atrás. Houve acontecimentos. Vários anteriores. E agora? Deve-se subir. Se permanecer nesta mesma, reduzir-se-á a nada. Nada queremos. Por que me olham desse jeito? Convites. Convidamos. Humor esvaziado para suportar. Seguranças. Sorrisos. Entretanto, João toma um gole. Você me namoraria? João toma mais um gole. Deveríamos pensar a respeito? Jogos, abreviações, vaidades. Agora estamos compreendendo. Quando João levantou-se nu da cela, percebeu que a parede estava rabiscada. Tempos atrás, foi salvo, salvo de tudo com sua fé. Quanto mais nos apegamos, mais você desaparece. Estamos nos repetindo. Havia este padrão, apareceu o mesmo padrão novamente, mas numa máscara diferente. Nenhuma lógica nesta descrição. Nem em qualquer palavra. Vômitos desnecessários. Não acrescenta nada à cena vigente. Nenhuma novidade, nenhum significado. Desperdiçando, mas João não consegue parar. Persiste no nada, para nada realizar. Quantas mais virão brincar nesta ciranda de horrores? Fingem perspectivas. Vítimas. Humanizar aquela sua única vilania? João fracassou até em errar. Cela escura e confortável, pelo menos se esconde atrás de máscaras. Ah, quer dizer que nunca foi sincero? Desentendimentos, álibis fantasiosos. Seu caminho continuará se entortando até distorcer toda a realidade? João tomou mais um trago. Inerte na escuridão. Podemos parar de vomitar agora? Não, ainda não. Prefeituras. Podemos ao menos contar em 8 volumes, mas serão 5. Quantos mais terá de ler? Décadas algumas se forma em palavras, absorveu bastante. Então por que esquecemos? Obrigações de se portar, enquadramentos. Poses e máscaras. Fomos sinceros? Cada João olha apenas para a forma de como enxerga seu próprio universo. E isso não fez o menor sentido. Talvez um alce compreendesse. Rabiscos na pele, talvez? Máscaras. Momentos de loucura, horas de arrependimento. Estamos entendendo. Por que não se contém, meu caro João? Repressões. Apanhou muito? Entendemos, quando olhamos o que aconteceu tempos atrás, entendemos. E então os fantasmas continuam perseguindo. Agora entendemos, sim, o que deve ser feito. Ou melhor, o que deve ser relatado. Egocentrismos retornando. Deixe-nos aqui, não servimos nem para entretenimento. Falam ao contrário. Pedem para serem deixados sozinhos, mas ao mesmo tempo estendem a mão pedindo socorro. Poderão ser ao menos sinceros consigo próprios? Solidões. Ah, claro.
Agora, cale-se.
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