sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Idiotices do João [33]

Deveria apenas ser mais solidário, em vez de se isolar nesta sua ilha de arrogância e egoísmo.
João empoleirou-se para conversar, pois se esqueceu do que queria dizer. Mas quando o ruivo falou de seu escritor predileto, João se lembrou do quanto carecia de solidariedade. E agora está ficando antinatural na fala. Vamos acelerar sem pensar.
Entrementes, perde-se. Olhando apenas para si, falando apenas de sua própria pessoa. O outro veio se vangloriar, sempre se vangloria dizendo que não, aquelas tolices de sempre. Não nos importamos agora, João fez cara de nada. Quando perguntamos para a outra, ela disse que não interessava. Misturamos tudo neste instante. Está olhando para alguém além de seu próprio umbigo, meu nobre João? Fale-me dos outros, por favor. Para para olhar ao redor. O outro, a outra, os outros. Este número tem alguma significação? Agora, começaram a tocar aquelas sombras em nosso sangue. Cada personagem terá uma canção-tema, João já havia imaginado. Isso importa agora? Agora temos a amiguinha babando em cima das negonas. Não deveria fazer isso, aceite o que tem, aceite o que é. Tem certeza que poderíamos fofocar, mas isso não é olhar par aos demais. Então, qual vai ser? Acha mesmo que pode ter a pretensão de discursar acerca do mendigo da rua, ou da situação do país? Quem lhe deu esse direito? Você vê, vários vários vomitam suposições catedráticas e certezas absolutas daquilo que absolutamente não conhecem.
Houve uma pausa, porque João chamou vários para outra festa de outros vários que não conhecem, e todos sabemos que as pessoas não se misturam.
Não se mistura com seu humor. Nem sabemos do que João está falando. Mas não ia falar de outros? Os outros. Não está funcionando. Gostaria de ser solidário? Enxerga apenas o eu, eu, eu, eu. Então não se entendem, não se entende com Maria, ficam se chicoteando, desejam coisas diferentes, ou desejam a mesma coisa de forma diferente, gênios furiosos se digladiando, e não se entendem, de jeito nenhum.
Dessa forma, não vão virar magma.
Enrola-se, não se entende, enxerga apenas o seu lado. João, dessa forma não conseguirá.
Enquanto isso, distrai-se. Distrai-se fácil.
Outras possibilidades, sempre há. Vai se perdendo, vai se cogitando. Perdeu o que ia falar, houve um erro, esqueceu. Está falando só de si de novo, João. Só de si, sempre de si, só de si, só enxerga a si. A corte invisível. É certeza, sempre foi. Sabemos o padrão. Aqueles sentimentos que te movem, nós sabemos, meu nobre João, mas não falaremos aqui. Já foi dito em outras partes. Vai entender isto aqui, não vai não, vai ver e enxergar só o que quer. Batem cabeça e não se entendem. Enquanto isso, distrai-se. Não há nenhum valor nestas palavras, nenhum, palavras desperdiçadas por nada. Sem sentido. Egocentrismos. Repetindo. Pare. Não conseguimos.
Afinal, não podemos parar de respirar, meu nobre João.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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