Em transe, são sempre olhares em transe.
Estamos sempre olhando para o vazio em busca de nós mesmos.
João abraçou, era lógico, abraçou com aquela vontade de mesclar para junto de sua essência. Não, não abraçou o suficiente ainda, nem com força tamanha. Ainda não. Mas abraçou, e então ouviu: o pacote estava entregue.
E então saiu para olhar para o vazio.
Falaram sempre, falarão depois. Resolveria se se portasse como se devia. Deve-se agachar para sussurrar, deveria urrar para se fazer entender. Estamos atrasando o processo, João compreende.
Estamos carecendo de atitude.
Talvez devêssemos fazer como aquela mendiga atirando sacos de lixo no chão de volta para o chão, quase em cima dos carros, de fúria de cegueiras excruciantes, sabe-se lá quais dores cortam-lhe os joelhos da alma, os tendões do pensamento.
Era puro e estrondoso no poderoso reino do pensamento, mas falhava na crueza do mundo de toques e atitudes.
Falta carne.
Lembra-se de quando abraçava antes e lhe sorria. Por duas vezes sorriu em encantos de promessas.
Faltou-lhe um beijo.
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