Odeio duas coisas nesse mundo: despedidas e sorrisos nas festas. Que fique bem claro que não sou uma pessoa anti-social, longe disso ( e já comentando o segundo odeio que inicia este post de domingo). Sou um ser humano um tanto parasitário, eu mesma diria de meu eu necessitado. Preciso das pessoas talvez muito mais do que todas em uníssono poderiam um dia qualquer clamar por minha presença imprescindível. Preciso mais de pessoas que me amem do que ar não intoxicado. Preciso mais de carinho do que de comida ou de abrigo. Sou uma pessoa que existe por causa das pessoas de quem eu preciso. Se elas não existissem, eu não teria motivo para ocupar espaço e incomodar o ar alheio. E simplesmente não estaria aqui, divertindo-lhes com minhas palavras nesse post um tanto tardio. Estaria no além atmosfera, ou no ovário, curtindo a alta temperatura interna. Como sinto falta dessa.
Os sorrisos nas festas, deixados por completos desconhecidos no ar e captados por carentes de plantão, nada simbolizam, nada carregam de significado, nada reconfortam, apenas falam rapidamente: também sou vivo, também sou alguém, e não me interesso por você de forma intrínseca ao meu ser que seja necessário completar com um "Oi, eu sou fulano..." e esperar alguém que dê continuidade para a minha inexistência fora de uma relação. Porém, o sorriso de festa não é a entrada para uma conversa ou para um retomar íntimo, é apenas um estou aqui e sei que você está também, mas não posso dizer mais nada pois esqueci a letra que me fazia buscar por completude. Esse sorriso ressalta o vazio, ressalta o descartável, enfatiza o indivíduo que se apodera de um todo inseguro e incerto. Esse sorriso, de fato, atrapalha. Prefiro o de conhecidos, que se aproximam com toques molhados e lábios carnudos nas bochechas e vem saber novidades íntimas ou trivialidades. Esses ocupam todo o espaço.
Nunca lidei bem com despedidas. Não quero deixar de estar com quem amo. E às vezes a medida do meu amor acaba sendo incompreendida pelos tempos pós-modernos em que vivemos, em que não temos tempo para curtir os momentos, apenas para planejar os próximos passos. E o futuro nunca chega, e sofremos na antecipação do infinito inexistente, incongruente, impossível. É um movimento que se dá no gelo, para todos os recostados próximos a lareira, aconchegados na almofada que a todos recebe: eu não fui convidada. Se alguém ainda tiver uma vaga, todos sabem onde estou. No além-muro. Dissabor existencial.