A voz não sai da garganta, fica presa no cume mais íngreme do meu coração. Lá, quieta e solta, tudo faz, tudo imagina, tudo realiza. Mas nunca na precisão do som de que precisaria para existir completamente. Nunca esse som tem entrada livre no mundo ativo que reina soberano, toda vez que abro meus olhos, desde que me permitam, obviamente.
Entretanto, não me permitem nada, sequer o vazio é meu totalmente. O meu nome é meu, disso tenho alguma certeza. O cabelo é herdado dualmente, entretanto duvido da dominância de tal característica. Nunca fora tão rígido, sempre desenhado com a ferramenta mais humana da cultura, o ar.
Partículas que se retiram quando me aproximo, não gostam de mim, suspeito quando as admiro enquanto retomo o território para o meu controle. Minha cabeça dói quando percebo que não tenho controle algum sobre nada que seja vivo, nem sequer o meu abstrato. Achei que ao menos soubesse algo do líquido que coexiste comigo, mas agora sei que nunca soube do que o alguém é formado. Talvez do indeterminado que me consome, do futuro que não entendo, do passado do qual não recordo, do presente em que vivo. Apenas vivo.
Mas viver é tarefa árdua, tarefa dos mais fortes que sempre lutam e não desistem do mínimo, do máximo, nem da média que brilha em todos os aparelhos televisivos. Não suporto a média, não quero o meio em casa, quero o todo repleto, o nada vazio, o todo completo, aqui, comigo. Mas eu posso?
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