Vazio.
Ninguém me busca, ninguém me encontra.
Nesse mundo vazio de ecos, passos e respostas, nem o som me reencontra.
No vazio me encontro, e na ausência me perco.
No vazio me encontro, e na ausência me perco.
Nesta existência infrutífera interrompida, nada crio, nada deixo para o amanhã.
Apenas a dor me persegue, e não desiste da empreitada.
A dor de ao nada pertencer, de nada transformar, de ao nada dever e de dedicar uma existência ao nada.
O vazio me consome, e tudo sobra para ser devolvido ao nada.
O visível some, e o invisível me consome, até que nada sobre de mim, ao menos nada digno de nota.
Será que algo que fiz seja digno de resposta, amizade, amor ou reciprocidade?
Talvez nada.
No nada me exauri, e tudo sobra para os demais se refestelarem.
É tudo para vocês.
Aproveitem.
Parto interrompido, vida inconclusa, morte que me aguarda. Cedo demais. O abandono me requisita. Conquista. Tarde demais.
Fiz demais, cedo demais.
Agora nada adianta mais.
O nó aperta a garganta, e nenhum rasgo de voz sai.
Presença irremediável da ausência.
Todo repleto de incerteza, insignificância e carência.
Ausentes, aqui estou.
Morta, em vida. Corporeidade performática em luz abstinente. Vida incandescente. Luz.
*Texto por Fernanda Marques Granato protegido pela lei de direitos autorais.
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
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