Idiotices do João [68]

Passou-se tanto tempo sem se expressar que João acabou se atirando pela janela.

Enquanto caía, buscava refletir acerca da inutilidade que era… desistiu de dizer porque ia proferir mais um clichê tolo que ninguém quer ouvir e que nada acrescenta. Talvez se tivesse gritado em voz alta na fila do super-mercado teria algum significado. Lembrou-se, claro, das trocentas vezes em que perdeu a oportunidade de dizer o que pensa, mas sabe que tal prática é herética e abominável. João deseja apenas aparecer, parecer inteligente e deslocado no tempo e no espaço, desesperado por notoriedade e atenção. Está sendo clichê de novo, mas é difícil evitar.

Sabendo então da inutilidade de dizer qualquer coisa, fica então punhetando as palavras, até que saia algo que valha. Fazedor é quem faz. E nada está sendo feito.

Pobre tolo. Petulante. Alguém poderia dissecar essa verborragia e declarar… esquecemos. Em frente ao espaço em claro, o que deverá ser determinado?

Está murcho.

Então, João criou asas e se espatifou assim mesmo no chão.
E aí João se levantou e percebeu que estava morto; vestiu então seu terno e gravata e se juntou à legião de zumbis. 
Fim.

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