Havia flores quando João acordou, anteriormente adornadas com toques de aplausos. Ele havia concordado conosco que a melhor tática era entregar-se à incerteza de futuro e abraçá-la com todo seu coração.
No entanto, João ainda desmorona perante críticas.
Obcecou-se com a perfeição que jamais atingirá, e chicoteou as próprias costas quando percebeu que errou. Agora, está medindo o que está transmitindo. Apresentou fraquezas e escancarou arrogâncias imbecis. Travou. Desejava desaparecer da vista de todos, para não se expor mais e para não cometer mais erros. Deseja se enterrar no quarto escuro, na esperança vã de que nem ele possa enxergar a si próprio.
Ele falhou em mais uma tentativa absurda de se relacionar.
Deveria esperar que acontecesse naturalmente, uma vez que as pessoas possuem seu próprio tempo. Mas João, embora negue sistematicamente o controle, apavora-se quando o fluxo acontece além do seu planejamento.
Está se fragilizando enquanto fracassa em dizer a verdade.
Está tremendo. Deseja se enterrar o mais rápido possível. A teoria é bonita, as cenas passam pela cabeça como um filme ideal. Toda a narrativa se desenrola lindamente. Agora, seria a parte em que se vitimiza, talvez devesse dizer aquela tolice que todos adoram proferir, “desapego”, essa bobagem que todos tentam convencer a si próprios, “desapego”, esse demônio invisível vai atormentá-lo por anos. Os espíritos se divertem, se é que estão prestando a atenção. João é um banquete e tanto, não é mesmo? Quantas honrarias seriam concedidas para esse que morre de pavor de fracassar? Espíritos zombeteiros, espíritos do desespero, espíritos da depressão, todos esses lambem os beiços quando dão de cara com o energúmeno chamado João.
“Você não mudou nada”.
Ainda é a criança arrogante e insegura, prepotente e apavorada, que não consegue dar um maldito passo sem se atormentar, sem se questionar, sem se intrometer nos próprios sentimentos. Os sentimentos que não compreende nem aceita. Devora-se por dentro, corta-se com uma navalha enferrujada. Sangra. Dramatiza em excesso.
Dói. Dói sempre. Dói a ponto de a janela parecer sempre convidativa.
Seria apenas um instante. Tudo terminaria. Todas as tolices chegariam ao fim. Por que não experimenta, João?
Por que ainda há muito para ser feito. Ainda possui missões para cumprir. E só por isso, apenas por isso, João ainda se dá ao trabalho de se levantar da cama, todos os dias.
Você é deprimente, João. Nós te desprezamos muito.
Eu sei. Sim, eu sei. E no que vocês me ajudam? Fiquem quietos! Eu escolhi meu próprio caminho e viverei meus próprios desígnios. Eu sou teatral e dramático e enxergo idiotices que não existem. Eu sou imbecil e patético. Mas isso é o que eu sou, e eu viverei como quiser. Vocês, malditos zombeteiros, não têm absolutamente nada a ver com isso! Eu posso me superar, e vou fazer isso! Eu tenho total consciência de que a minha fala bonita nas redes sociais não condiz com as minhas ações, tenho total consciência de que sou um covarde que não consegue assumir a si próprio. Mas eu vou conseguir! Eu conseguirei ser eu mesmo, de verdade, conseguirei mostrar o que eu sou, principalmente para mim mesmo. Eu vou conseguir, seus patifes malditos! Esperem só!
Está bem. Estamos esperando. E esperamos também que você contribua verdadeiramente com este mundo infeliz, meu caro João.**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
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