sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Idiotices do João [52]


Há um processo no qual as emoções tentam se estrangular com tanto afinco que negam a própria existência assim que chega o momento de registrá-las no papel. João está ciente, uma vez que enforcou a si próprio por três dias, até não aguentar mais e ter de vomitar um bocado. Na verdade, João pressiona a própria jugular praticamente desde que nasceu - sempre dramático, não podemos esquecer. João se ajoelhou na escuridão, sempre na escuridão, para confessar seus pecados para o vazio. Quando mandou mensagem, foi com palavras grosseiras, como se fosse mais um macho desses babaca no cio, utilizou-se de uma macheza sem precedentes, e dessa forma foi devidamente ignorado e apagado. Foi apagado sem dó, e por isso ainda esfaqueia a si próprio em suas lembranças. Como se isso fosse mudar alguma coisa na vida da pessoa que foi ofendida e constrangida pelo comentário. João gostaria de se expressar como a mestra dos enigmas, mas lhe falta sensibilidade. Novamente, a mesma reclamação: não consegue isolar a sensibilidade primeva, ainda vomita de forma metódica e racional. Não está conseguindo sentir. Repete semrpe a palermice de ter de se isolar devido a um novo fracasso. Ela simplesmente não quer mais ficar com você. Elas não têm nome, uma vez que os caracteres foram oblivados pelo vento. Elas não têm nome. João se atira pela janela sempre que se lembra de que é um maldito homem - ou seja, um ser ridículo e dependente de mulheres. Pois é isso que os homens são. João está deliberadamente se expressando mal. João está arrogante mesmo em sua queda; está justificando a falta de classe e coerência. João é um homem, e isso é doloroso de se lembrar. Pois homens são animais patéticos. Apenas isso. Um gênero fracassado, estúpido, egocêntrico, dependente, inseguro, menor. João agiu, uma vez mais, como um exemplar típico da espécie, a despeito de seus discursos bonitos e bem construídos naquela conhecida rede social. Elas não querem saber de você, e João afunda a cabeça entre as mãos. Os amigos chamam o mês passado de grande sucesso, quantas delas João levou para a cama? Uma por dia em certa semana, disse um amigo. Nossa, parabéns! Seu babaca machista, você é um maldito estúpido, um incoerente, um personagem ridículo. Ou seja, um homem. Quantos estupros foram relatados nesse meio tempo? De que adiantam os bonitos discursos? Elas não falam mais com você, elas não pensam em você. E a culpa é toda sua, meu caro João. Você é o único culpado pela sua existência medíocre. Atirou-se pela janela uma vez mais, enquanto apontava a arma para o próprio cérebro. Tentou acessar as sensibilidades perdidas. Mas foi educado para ser macho e forte. Homens não podem beijar outros com carinho, pois senão os malditos gorilas dos bons costumes farão manifestações contra. O mundo ao redor dá-lhe nojo, nós matamos tudo em nome de luzes que ninguém conseguirá ver um dia. Nós matamos tudo. João não tem o direito de se fazer de vítima. Você mata porque já nasceu morto, sangue morto, amaldiçoado, diz a música que estava ouvindo no momento. Você, João, é um verme morto que se esqueceu de cair. Você não tem substância, você não tem coerência, você não tem qualquer valor. Mas você engana bem e há quem o ache interessante. Carismático. Uma mentira. Você se reveste de mentiras. Lixo ambulante. Lixo. Você é uma fraude, João. Onde estão as sensibilidades? Você não chega nem perto da mestra dos enigmas. Sua forma de se expressar é simplesmente ridícula. Falta reflexão. Você está simplesmente vomitando desabafos. Você finge que é um herói. Você é só mais um pedaço de estrume como todos os demais desse desgraçado gênero masculino. Você não serve. Você é obsoleto. Você mal possui o direito de existir. Desista, João. Recolha-se para seu buraco escuro. Você apenas racionaliza, não sente. Não possui classe com as palavras. Expressa-se mal. Você não deseja. Você não sente. Você não é nada. Você está num cubículo e ninguém está dando a mínima se você respira ou não. Você não passa de uma erva daninha. Você ficou chateadinho porque não o chamam mais para almoçar. As pessoas se reúnem entre elas, as pessoas confraternizam, e ninguém lhe dá a mínima. E por dentro você apenas chora, como uma criança birrenta. Não, uma criança birrenta possui mais dignidade que você. Porque nem digno de pena você é, meu caro João. Você pode até enganar uns e outros, mas jamais poderá enganar a si próprio. Jamais.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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