Estamos
tremendo. Estamos gritando. Estamos nos forçando para frente. A
mandíbula estala, o coração palpita feito um besouro barulhento
ridículo. Não falaremos nada abertamente. Estamos batendo com muitas
cabeças na parede. Olhamos para todos os lados, enquanto a ansiedade se
esparrama pelo salão. O estômago se remexe, comprime a barriga, esmaga a
dignidade contra a parede. É afundar a cabeça entre as mãos e fingir
que está rezando. Senhor Todo Poderoso de Porra Nenhuma, está nos
ouvindo? É o João quem está falando.
Estamos nos forçando contra a autossabotagem.
Sabotar-se,
apenas. Para reclamar da falta de sorte em todas as empreitadas. Está
estéril. Criticar-se novamente, repetitivo. Quando o telefone toca, é um
desses imbecis quaisquer que insistem. Eles insistem. Eles tentam. Eles
tentam.
Sua
face amarrada a um jumento. Estamos quebrando carangueijos em outras
dimensões. Mova-se, garoto, não ficarei nesse ofício para sempre!
Mova-se! Insistir para que o mundo se lembre que algum de vocês existe.
Quantos passos até a porta? As toalhas foram retiradas. Está mais calmo
agora? Pode enviar, pode entrar na página e preparar o material sem
tremer e gritar feito uma criança melequenta. Pode enviar. Sabotar.
Esqueça. Envie. Enquanto isso, treme. Sempre treme por coisas que nem
nunca teve. Pressão. Qual topo deseja encontrar? E para qual motivo?
Desnorteamento. O tempo possui seu próprio tempo. Quanto menos se
importa, mais vêm até o João. O João.
O
João é uma criaturinha patética. Ilusões de grandeza até que a Lua se
despedace em círculos de tolices. Idiotices. É o que estamos fazendo
aqui. João, João.
A Maria é só uma ilusão. Jamais acontecerá.
A sabotagem decorre da vontade de permanecer ridículo no mesmo lugar.
Então, não aceita e luta contra. E aí, treme.
Tremedeiras
para se locomover. Precisa gritar para conseguir sair do lugar. Vamos
rasgar a própria garganta, que tal? Valeria mais a pena drenar sangue e
viver para sempre. Quantos urros são necessários para se fazer notar?
Deseja que seja sentido. Sentido. Sentir o quê? Expandir para tocar as
almas. Deixar sair, pelo amor de todos os ancestrais. Não se revele
demais. Quantas solidões são necessárias para se esconder uma podridão
sorridente? Não tem. Não tem sentido. Maria, depois de ganhar o prêmio,
disse para vomitar todas as criatividades de uma vez só. Maria não
existe, pare com isso. Maria está por aqui, mas em breve retornará para o
outro lado do mar - ela se afoga nas profundezas de angústias tão
deliciosas e tão deprimentes que João adoraria submergir junto com ela
para um abismo sem fim de lamúrias, tolices e amores. Amores silenciosos
da depressão. Pare de usar palavras fáceis. Clichês. Vamos afundar.
Enquanto isso, procura como um cego na escuridão. Já está escuro,
imbecil. Tatear. Ainda se sente sujo pelo toque indesejado. Penetrar só
para mostrar que é macho? Que encomenda imbecil. Feche-se no casulo,
lógico, ninguém se dará ao trabalho de perceber. E então, parou de
tremer? É ridículo, continuar a se criticar, quer um chicote? Nenhum
caos é necessário. Caos, outra palavra fácil. Abaixe o som, por favor.
Obrigado. Ah, João, com seu jeitão, não acreditávamos que. Jeitão.
Claro. Olhe para a cara dessse infeliz. Não pertence a este mundo. Ah,
eu faço isso e aquilo. É mesmo? Foda-se. Calma. Gente, qual a
necessidade disso? Jargões de ocasião. Sempre. Vamos voltar? Gostaria de
contar e fechar os olhos. Eu me matei. Quantas vezes fiz isso? Respire.
Um último adeus. Não tem coragem de escutar. Há fogo nos seus olhos?
Maria curte suas atividades. Ela nunca mais respondeu depois que se
entregaram ao beijo mais maravilhoso de todos os tempos. Nunca mais
será. Um Rei para a todos dominar. Gosta de seguir a cartilha da
liberdade. Ah, claro. A chama que cavalga os jumentos da insanidade,
pronta para tacar fogo em toda a existência. Ah, nossa, mais uma escrita
imbecil de efeito. Criticar antes de ser criticado, está ficando
repetitivo. Não encontrará mais. Você vê algum sentido? Havia aquele
macacão, era bonito. Ela é linda demais, embora não se chame Maria. Mas
poderia. Não, não pode. Não acontecerá. Quantas cavernas serão
necessárias? Falta leitura, sempre. Falta empreendimento. Cartilhas.
Vamos pigarrear, por gentileza. Sempre é melhor quando o admiram à
distância. Melhor compreendido quando mantido em seu casulo escuro. Oh,
escuridão. Clichês. E então, parou de tremer? Temos que enviar, ou nunca
vai acontecer. Eles já marcaram todas as cartas. Vão se arranjar ao fim
do contrato, então você terá de se virar, por sua própria conta. João,
me responda, qual a necessidade disso? Sua foca antropomórfica, você se
deixa seduzir por falsas Marias. Ela não existe. Permita-me
exemplificar. Não. Olha só, aquele cara jovem, eleito. Não, aquele cara
jovem admirado por um milhão de retardados porque escreve o gibi japonês
da moda. Que você também lê. Quantas incubências serão necessárias para
desvirtuar a sua palermice feita em caixa? Um bebê teria mais
dignidade. Já parou de tremer? O tempo está passando, e realizar apenas
isto aqui está longe de ser suficiente. Sente-se sempre distante dos
grandes meios. O que são os maiorais? Inferioriza-se. Quando é que
poderá berrar para o mundo inteiro? No fundo, é isso o que você quer. É
disso que você precisa. Ah, meu caro João. Na verdade, não há nenhuma
resposta. Você persegue Maria eternamente, e provavelmente nunca a
encontrará. Ou sim. Pare de tremer e envie. Mas antes, me responda: qual
a necessidade disso, meu caro João?**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
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