terça-feira, 4 de junho de 2013

Idiotices do João [39]


Você ainda se atreve a acreditar em algo?


Acordei atolado numa sarjeta dessas qualquer. Tentei respirar, mas já era meio tarde para isso. Sabe, algo genial precisa ser criado, para que a vida tenha algum significado. Algo de espetacular, que mude o mundo. Um projeto para ajudar as pessoas. O que você tem aí a disposição? Gostaria de, por gentileza, compartilhar algum sentido? A sarjeta se arrasta sozinha, enquanto você confabula com criações. Ilusões. Os trabalhos se acumulam, você é o responsável, eles lhe disseram para fazer, você concordou. No entanto, se cansou de matar.

O mundo entrará em colapso em breve, então por que se importar?
Agora, vou me justificar, para que a idiotice alcance níveis ainda mais memoráveis. Nulanga é o meu nome, e eu sou um caçador. Era. Eu trabalhava para os altos escalões do governo como um caçador de cabeças.


Morro de medo de ter uma identidade única.

Os meus motivos são rasos. Estou me solidificando enquanto extermino mais um dejeto. Olhe só para eles. Caminham sem rumo ao trabalho. Estou sendo raso. Vamos contar uma boa história. O caçador se levantou, estava fatigado. Ele acha que conta bem, mas está se perdendo. Poderemos lapidar mais tarde. Vamos confabular. O caçador se levantou para rugir.

Está bem. Era para isto aqui ser o próximo conto genial do momento, mas vamos enganar a quem? 

Considerações mesquinhas, desencontros. A papelada se acumula na mesa, e o meu nome não é Nulunga. Vamos usar de laboratório, que tal divulgar a todos na internet? Está se perdendo.

Você. Está. Perdendo. Seu tempo.

Está perdendo o foco. Há algum?

Escreva algo genial. Escreva algo revolucionário. Sensibilize o mundo inteiro. Os acadêmicos vão ler se...

Enqaunto isso, mais alguém publica um conto de grande sucsso e relevância.
Não estamos sendo honestos. Artificialidades. Que tal abrir mais?

Pronto.

Ainda não.

Eu mandei mensagem para Maria, para lhe chamar a atenção, para que ntasse o quanto é semelhante a mim. Pretensões, ilusões. Não obterá resposta. É capaz de admitir em voz alta? Deseja ser publicado para fingir que sua atribuição possui sentido. Considerações infantis, falta de estrutura. Critica-se antes que seja criticado. Tática trouxa. O que te atormenta?
Você tem de se portar como se fosse a pessoa mais alta da sala.

Você gostaria de matar?

Eu sou Luís da Silva. Mentira, meu nome é Montevaldo. Eu observo o mundo. É claro. Você olha mal e mal para as porcarias que lhe rondam. Talvez.
Meu nome é João, e parece que eu ainda existo. Eu e minhas idiotices.
É muito tarde para começar este registro. Deveria ter falado antes. Acha que qualquer merda que você escrever terá valor literário? Você está perdido. Caia fora antes que se humilhe mais.
Ela me quis, aquela mulher mais velha. Uma chefona de empresa. Ela me flertou. Eu não fui. Sou obrigado sempre a ir? Agora questionam minha sexualidade. É assim que funciona?
Esta merda é alguma espécie de diário tardio?
O dia de hoje, em que nada consegui fazer.

Está bem.

Você não pertence. Meu nome é Nulunga e estou na mata caçando enquanto voo pelos céus. Meu poder mental é imenso. É psiquismo, mas não posso revelar, tenho de dizer que é magia ou poderes da alma. Talvez sejam habilidades mutantes. Você não se compara aos grandes, os acadêmicos te desprezam. O mundo inteiro está te olhando com intenções de pena. Feliz aniversário para aquele moço, ele é considerado. Destroçou-se novamente a sua frágil confiança. 

Medo de uma identidade única. Falta ousadia.

Estou me confundindo. Ela está pensando em mim?

O que eles pensam quando te olham? Preocupado com o que outros pensam. Tentando provar um valor inexistente. Insignificâncias. Você não possui sentidos claros ou passíveis de compartilhamento. Os grandes mestres senhores estão em seus pedestais. Você sonha em alcançar um status tal de excelência para fingir que existe por algum motivo. Você está perdendo seu tempo. Deveria experimentar ser normal. Qual suas suposições a respeito. Vamos nos criticar mais uma vez, para nos justificar. Vamos, por gentileza. Este texto não será revisado.
O dia hoje não está acontecendo. Suas considerações são pequenas. Naquele outro livro, as observações do personagem principal são muito mais relevantes. Porque alguém disse que seria. Alguém sempre diz alguma coisa além do que você poderia. Sempre há alguém acima. Sempre haverá.

Estamos no trabalho, e nada realizamos. Algo de genial precisa ser criado, antes que seja tarde demais. Por favor.

Estou surtando em cobranças, estou afundando a cabeça entre as mãos bem no meio do trabalho e ninguém dá a mínima - da mesma forma que não meu dou ao trabalho de perceber alguém se estrebuchando em dor e desespero bem na minha frente.

Onde está Maria?

A Maria ou não quer saber de você ou está morrendo de medo. Ela está sempre com medo. Esqueça-a. Vá fazer qualquer outra coisa da vida, por gentileza.

Não estou conseguindo.

Naquela outra história, o personagem se obcecava por uma gentalha dessas qualquer. Eu não consigo me permitir a uma coisa dessas. Mas não é o que está acontecendo. Não, Maria é diferente. 

Ou é algo que só você quer acreditar?

Acreditar.

Se eu causar idiotices suficientes, será que garanto meu lugar ao sol?

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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