Quero quebrar todas as barreiras de sustentação do pesar oblíquo que se avizinham na morada da minha mente.
Nunca soube estar sozinha. A relação é estritamente necessária. É construída pelo ar que me circunda e que recorta a minha moldura. É todo o sempre reconstruído por todo novo olhar que se recoloca diante do meu castanho avermelhado.
Nunca soube navegar nessa onda de percepção de futuro. O futuro não constrói o meu caminho, o passado não determina meu arejado perscrutar e o presente só existe enquanto segundo peculiar que logo é destruído por existências que se encaminharam para a eternidade da vivência memorial.
Quero saber que o suporte não é mais determinado pela tecnologia, mas pela inventividade de quem dela se apropria. A liberdade foi presa em sete camadas de peso metálico que não se esvaem com a pressão dos séculos, com o brevíssimo passar do instante em que vivo e nem mesmo com o porvir da pretensão de ser um dia algo que nunca será conformado em verbo concreto. A concretude nunca pode ser atingida por idéias que atingem o infinito, que abarcam o mar do sem-recalque.
Gostaria que a chama clamasse por mim em meio à água escaldante e percebesse que existo em meio à solidão.
Gostaria que a água umedecesse o caminho que percorro, para que o ar não chegasse desprotegido.
Gostaria que o ar soubesse que cá estou e que aguardo a sua busca por preenchimento de bexigas.
Às vezes, uma gota se arrisca e me acompanha no meu caminhar pelo mundo das gotas impuras que nunca refletem a realidade de fato, apenas as nossas noções pré-concebidas e o nosso mundo reconstruído.
Às vezes o hipocampo pede descanso e quer se ausentar desses mares revoltos.
Às vezes considero deixá-lo.
Por vezes a onda que me derruba é tão inconsequente que não tenho como prever o alcance, e não posso pedir reforço para os flocos de neve que normalmente me acodem.
A neve, o sábio me disse, é a água congelada.
O líquido é extremamente instável.
Mar.
Olha só... uma pegada meio Camões misturada com aquela construção parnasiana que já deu pra perceber que você gosta bastante. Ficou bem diferente, com um jeito bem único. Gostei!
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