domingo, 9 de janeiro de 2011

O azul nunca fora tão branco quanto o vermelho

Portão. Ninguém entra, ninguém sai. Pode ser considerado um muro, por meio do qual não há entrada nem saída. Dureza. Apenas aqueles que são predestinados, ah, esses sim, encontrarão o caminho para o portão. E só aquele que definitivamente entra se sente completo, pois não sabe de quanto em quanto tempo outros serão autorizados a abrir a complicada trinca.
E as plantas se balançam levemente, sabendo que testemunharão outra multidão em busca do bem precioso que é a aceitação. O que é, de fato, o conceito de aceitar alguém? Fazia anos que não pronunciava essa frase, entretanto apenas as plantas puderam ouvi-la. Desanuviar. Não carecia temer. Não havia nenhum alguém para compartilhar seu desprazer.
Quantos anos teria que lamentar e teria que ouvir ecoar até que desperdiçassem segundos sequer de seu tempo para vislumbrá-la ali, agachada a um canto, solitária, a espera de que alguém se lembrasse de sua vaga cor dos cabelos. Era algo, de fato, louvável. Fixação. Ocasionalmente, sentia que a água subia aos céus, e descia, devagar, respirar por respirar, até que encontrava a sua palidez impenetrável.
Atingia-a no centro, e passeava constantemente na sua pele, nos seus cabelos, deixando seus pêlos do braço freqüentemente eriçados. Despertar. Era aquela conhecida sensação de que alguém a protegia, mas ela não era capaz de identificar a tempo o seu consorte. Fugira. Sentira algo quase tão real como algo palpável, mas desaparecera tão rápido quanto um pensamento se escondendo atrás de um neurônio. Esvaecer.
Se alguém de fato desse importância para a cor dos seus olhos, e se preocupasse com a lembrança do que havia sido dito, e em outra instância, dissesse simplesmente "Eu sei qual é a cor dos seus olhos", poderia deixar seus olhos descansarem à noite, afinal, devido à observação constante noturna. Mania. Seus olhos brilhavam diante do portão verde. Um verde esmeralda, obliquamente desesperador. Ela queria esse verde, só para ela.
Ela queria tocá-lo com seus dedos, e poder sentir por um momento somente, que ele pertencia ao seu corpo. Solidão.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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