domingo, 30 de janeiro de 2011

Desconstruir o muro, reconstruir a percepção concreta

Quem nos autoriza a ser felizes? Quem nos manda continuar vivendo independente da causalidade? Quem nos leva a ser espontâneos e sempre primar pela moralidade e originalidade? Quem nos respeita até nos nossos mais sórdidos pensamentos?
Ninguém, o outro responderia. É a criança que quer o bem aqui e agora, o bem imediato, não mediano, não postergado, nunca sentido, só almejado. O bem que realiza ideário comunitário e curativo. Sabe aquele bem egoísta, aquele bem extremamente preservado, aquele totalmente intocado? Então. O bem criativo. Esse que nos relata a experiência do não-estar, concluindo que é melhor estar, ainda que no vazio. Mas que vazio é esse? É o vazio do sentir? O de conhecimento? Ou o vazio de justificativa? Esse, de fato, é o mais malogrado.
A justificativa é totalmente baseada num jogo vazio de lógica reflexa, que pretende formar onda atrás de onda e espera te pegar desprevenido quando você estiver de costas para a última e não puder mais desviar do choque extremado. Quando você estiver indefeso, a lógica não virá salvá-lo. Nem tente chamá-la, pois ela não ouve, apenas doutrina os incautos.
É uma série de regras para quem não sabe se proteger, mas que sabe que é melhor não questionar, pois talvez não tenha chão para me sustentar se eu duvidar da existência da parede que me abriga aqui, sozinho, no pesar dos pesares.
Não sei a saída, só me mostraram a entrada, e agora devo continuar mesmo não sabendo continuar. Devo continuar, pois a criança está lá determinada dizendo para cavar mais fundo, que está ali, ela tem certeza. Mas quem disse que devemos ser determinados?
Quem disse que é um valor admirável ser persistente? Se esse bem coletivo e todo poderoso algum dia nos vier a calhar, ele será concedido apenas se for devidamente merecido. Agora, merecer água gelada depois de muito aguardar não é muita coisa, é preciso ter consciência do esforço e da perda para de fato lograr resultado sabendo o que estava em risco.
Só um adulto pode fazer essa escolha. Só ele sabe a conseqüência do mais importante dos pormenores. Quando se desliga a luz, para onde ela vai? A criança mais pura do mundo responderia: ela vai se resguardar pois se cansou de existir sem razão definida, e vai aparecer quando for necessária. Caso não seja, será roubada. E escondida.
Aonde escondem o bem sabido e o bem aguardado? Escondem dentro da gaveta da responsabilidade e da maturidade. O sofrimento e a espera indefinida são atitudes necessárias se esse perpétuo alguém quer ver reluzir a verdade do bem dos caridosos, dos que se ocupam de se preocupar com os outros.
Só um adulto escolheria, após pensar copiosamente, o bem adiado com bem estar na consciência. Esse tem visibilidade social maior, alcance de permanência certeiro. Aqui é correto estar.
E quem nos ensina que devemos querer o correto?
Nós não ensinamos. Apenas acatamos a ordem.
Provocar questionamentos com ondulações afetivas é, de fato, mais satisfatório.
Uma boa semana para todos os filósofos e não filósofos de plantão que me lêem nessa noite dominical.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

Um comentário:

  1. Seria como um bebê dentro de sua mãe, quando ele sai ele ja é carimbado pela vida a seguir regras" você seguirá esse caminho da forma padronizada"
    e bem quando você se rebela você fica realmente a sós, eis que precisa entrar o conhecimento, a selva é enorme né =)

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