A distância cavou um buraco em seu peito que dói cada vez mais, e a cura para a invasão está em outro continente, com seu coração aberto, sangrando em dia livre, desimpedido. As veias se avermelham, acuadas, tendo o seu conteúdo despejado sem economia. O portador admira o desespero que desaloja seu abrigo, infeliz, procurando mais fulgor, mas achando coisa alguma.
Folhas. Árvores perdem o que as constitui primordialmente, ficando desencarnadas, secas e remotas. O tronco grita em desilusão, desnudo no terror explícito. Sabedoria implícita. Amor desvelado. Solidão encoberta. A moça sozinha, em pé em meio à tempestade que se avoluma, não tem ar quente. Não tem um fornecedor de calor, um sabor a ser degustado, um abraço para acertar as respiradas fora de hora. Soluço.
O unido se sobrepõe ao desespero, exigindo compreensão decisiva, que logo é acatada. Tríade ativa. Unidade coletiva. Casal unido no gelo, pegadas na neve os levam ao caminho compartilhado. Um tem a resposta, o outro tem a pergunta. O mero toque já a faz enrubescer, o calor povoando terras anteriormente gélidas. A proximidade retoma o batimento de seu coração, antes interrompido pela baixíssima temperatura. Intimidade? Expiração de outrem em sua boca a oxigena.
Vulto que aparece e põe um nó em cada lágrima que busca saída de seus olhos arrepiados, para que elas não considerem a possibilidade de cair novamente. Nenhum dia sequer. Não enquanto ele detiver seu coração. Amor desafogado, perpetrado por esse alguém que saberá, simplesmente. Conhecimento adquirido. Orientação. Nada mais tem espaço em seu ser, fundido eternamente com o despudor, com a desinibição, com a completude de ser amada profundamente até que seus dias não conheçam mais o sol. Apenas a lua. Paixão. Afinal, todos precisam de um sentido para viver. Eu já tenho o meu.
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