Por que nós respiramos? Nenhum cientista tem resposta para essa pergunta. Nunca tiveram. E nunca terão, disso tenho absoluta certeza, da mesma forma que tenho certeza de que a vida é curta e rápida e extremamente intensa. A vida é sentida em pequenas lufadas de ar que soltamos para o vento que se aborrece com a nossa presença. Nunca fui aceita totalmente.
Nunca soube trocar o sofá de amplitude, e fui severamente punida por isso. Mas ninguém me puniu. Apenas o ar que decidiu não aparecer hoje, e nunca mais. Pois se respiramos apenas para produzir dióxido de carbono, desculpe, mas ninguém me disse que era só para isso que fui chamada. Estou cansada de servir ao mesmo propósito.
Nunca estive tão exausta, tão desgastada, tão ignorante. A minha função é tão grande e tão pouca que não existe sequer aberta, sequer fecunda, sequer fechada para a câmera que me analisa no entrecorte, toda a vida, de perto da minha fraqueza. Tão perto que nem sei mais como me esquivar do perigo, e corro solta, congelada, sem leveza, sem dissipação alguma. Cadê a placa? Nunca vi essa rua estreita que me atrapalha, de tão reduzida e embaçada. Preciso da verdade. Mas não quero assumir responsabilidade por essa resposta. Se respiro porque sou solicitada, não quero. Se respiro porque preencho, não quero. Se respiro porque aprendo, não utilizo qualquer ferramenta de auxílio que justifique.
As palavras fogem de mim, o ar foge de mim, todo mundo foge de mim. Sou aquela que aqui estou, livre e fechada, para lembrar a todos que o ar não nos deixa escolhe-lo. Nós somos obrigados. Não é consensual. É mandatório. Não foi visto um alguém enluvado que nos mostrou a saída, caso quiséssemos ausentar-nos. Estamos cerrados no insignificante local do descabido. Digo a todos que compartilham do dissabor sentido por todos do mesmo recanto que desse mundo não saio jovem, pois demorará a apagar todos os rastros de destruição sedutores.
Uni-vos. Porque o pesar destrói nossas casas enquanto esperamos.
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