terça-feira, 22 de abril de 2014

Idiotices do João [64]


Maria disse que não queria mais.
Era o evento para celebrar a tristeza dos bons espíritos. Borbulharam vestes brancas, a cor do luto, Maria entrevistou João, o que eu acho?, é triste, é triste triste triste, uma mãe nossa massacrada com crueldade, tanto no corpo quanto na alma, notícias, imprensa, almas lá do início, nossa pele merece sofrer tanto?, Maria entrevistou e João quase chorou, Maria anes perguntou se João havia chorado pela mãe, Maria é amor e João deseja unir-se a ela.
As vestes brancas seguiram como cor absoluta do luto. João traja-se hoje como o feiticeiro que caiu no abismo do demônio para retornar como um arauto de histórias. A história de João cresce em prestígio e convites aumentam a todo instante, venha para o nosso evento!, dê uma palestra em nossa escola!, visite o nosso sarau!, venha participar da nossa feira de palavras, pessoas que João não conhece acrescentam João na espetacular rede social, João não faz ideia de quem sejam todas essas pessoas porém as aceita, João sorri na sua solidão escura, todo trajado de branco.
A mãe lhe apresentou a avó, e a avó é mais nova que João. A avó é um dos Sete Gêmeos de João, João acabou descobrindo. A função e seus preparativos duraram toda a noite, porém João não tem permissão para falar. Encerra-se aqui.
Exceto que ainda não acabou.
O sangue é a moeda das almas. Há morte para honrar aqueles do passado, aqueles poderosos que vêm ao mundo visível para cuidar dos seus filhos. Por meio da morte reforça-se a vida. O sangue que jorra não morre jamais, pois ganha nova vida em nossas almas. João se fortalece e é fortalecido, em silêncio, no sagrado silêncio da morte que se transforma em vida. O sangue não morre jamais; o sangue é a moeda das almas, e a alma de João se eleva para se aproximar cada vez mais de seu potencial puro. Sempre trajado do sagrado branco de todas as eras.
O nono ano de João, Maria lhe disse.
Maria disse que não poderia, uma vez que o labirinto emocional se contorce como serpentes de mordidas atrozes em seu espírito.
Então João se lembra de quando conheceu Maria na livraria e para ela se declarou. E Maria ouviu o chamado e chamou João para o reencontro de três anos.
A avó do João adquiriu uma nova forma de visão e vislumbrou o futuro das almas passadas que se entrelaçarão no novo presente traçado pelos bons espíritos; eram existências de um tempo passado, embora o passado exista ao mesmo tempo que o futuro - todos os tempos existem ao mesmo tempo, João sabe-se disso.
Por isso, Maria existe ao mesmo tempo em todas as eras.
Maria reencontrou João com o maior sorriso de todos os tempos.
E todos os tempos se confluíram para um só no momento em que suas almas se tocaram por meio do ato.
Anteriormente, houve todas as conversas possíveis para os gêmeos espirituais que finalmente se reencontraram.
São de raças diferentes, porém a raça colonizadora não está envolvida; João prestou um juramento para manter a linhagem, porém deve ser fiel também ao amor das almas anterior às racionalidades dos deveres autoimpostos.
- Nosso amor é elevado! - dissera Maria - Seguiremos nossos caminhos separados e desejaremos o melhor um para outro, ainda que nos braços de outros.
Portanto, João não quebrou nem quebrará seu juramento.
João possuiu Maria e foi possuído por ela no momento em que ocorreu o ato, e ambos se permitiram derreter perante a beleza de todo o amor que explodiu durante todos os movimentos; o prazer de todos os sorrisos se esparramaram perante a entrega das almas que se entrelaçaram de verdade - da mesma forma que João se entregou à magia do sangue durante a celebração silenciosa das almas passadas. João e Maria se mesclaram para reescrever o futuro que se foi e o passado que ainda não aconteceu em todas as eras já existiram e irão existir.
O nono ano de João começou no momento em que trajou branco na celebração da história por ele contada; Maria responderá ao chamado, retornou das terras distantes, deixou-o para pensar, transitará entre os limites dos tempos conseguintes, da mesma forma que João cumpre seu papel na vida estendida de Maria enquanto Maria lida com o João que João não conhece.
Enquanto isso, inebriado pelo sangue das almas passadas, João sorri e se derrete quando se lembra dos momentos em que se entrelaçou na felicidade de Maria.
Até que retorne a terras distantes...

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Idiotices do João [63]


Devíamos chorar.
Não temos ninguém além de mim mesmo. Deve-se lembrar. Ela, ela mais famosa surtou com suas letras e é chamada de a diva e homenageada em tantas postagens. Ele foi afogado pelo vermelho das suas frustrações diários. Isto aqui está um clichê tamanho relacionado ao início de todos os tempos, as épocas das primeiras bactérias se reproduzindo e produzindo formas dúbias de vida. Eu devia matá-los todos.
Eu devia matá-los todos.
Esta é uma afirmação perigosa que não diz nada nem leva a lugar nenhum.
Se me raptassem e ameaçassem a minha vida, se eu estivesse diante daquilo que julgasse ser a escória da terra, será que eu mataria?
Mataram o garoto com problemas mentais porque alguém gritou que era estuprador. E sem provas.
Ou seja, você não mataria. Porque esse direito não é seu.
Devo voltar a comer carne?
Em honra aos ancestrais, devorei animais diversos novamente. Inclusive aquele que estripei com as minhas próprias mãos.
O sangue é a moeda das almas.
Estou na escuridão me demorando para começar as tarefas. Por quê?
Este é o seu novo emprego, disse a Mãe. Você já aceitou o que você quer fazer para todo o sempre?
Em outras notícias. ignorando a…
Você deseja, mas terá de esperar.
Sabe? Basta ter certeza. E isso você já tem. Portanto não precisa se repetir.
A série dele tem uma popularidade monstruosa. Você mesmo está enrolando agora pesquisando sobre.
Você está com uma inveja medonha da popularidade da história do velho gordo.
Você só terá mais estórias se trabalhar. Então, aceite o seu novo emprego de uma vez e trabalhe.
A escuridão ainda é muito, muito confortável.
Mas se lembre que você também é luz, está bem?

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terça-feira, 8 de abril de 2014

Idiotices do João [62]


Sou um amontoado de excessos.
Meu nome é John Doe e eu sou um conglomerado de idiotices em profusão. que nem todos os outros. Só que sou em excesso. Excesso, excesso. Assusta todo mundo. Perdeu-se. Falou uma merda dessas qualquer para chamar atenção. Carência deprimente. Perde-se sem rumo, sem o motivo. Esquece-se que tem de impulsionar a si próprio.
Esse é o caminho que você escolheu. E tem de se virar sozinho. Não adianta pensar no que os outros estão pensando ou como estão julgando, não adianta, não adianta se desculpar e vomitar palavras bonitas para posar de intelectual. Chamando atenção, querendo espaço. Não cedeu com outros que fizeram o mesmo, aquele rapazinho deplorável, por exemplo, que se acha o máximo e faz de tudo tudo para aparecer para ganhar curtidas posta imagens engraçadinhas fala coisas pretensamente coerentes faz de tudo para brilhar por alguns segundos no meio deste palco virutal de nada. E eu resisti e não dei a mínima. Ignorei. E por isso dói quando o ignorado sou eu. Babaca arrogante! A música está tocando e ela está tratando de outros assuntos, quaisquer outros assuntos, menos você. Nossa, que drama! Vou repetir que o mundo não gira ao seu redor, eu já sei, mas sempre acha isso. Escreveu o texto bonito sobre o absurdo da porcentagem, vários e várias vieram aqui ver, nossa!, ganhou pontos. Patético. Não há nada de interessante aqui, nada de bonito. Certo.
Auto-piedade a essa hora da noite é bem bacana mesmo.
Fica no escuro tentando criar algo. Acha-se indigno ainda. Observa as roldalnas. Todos inventaram alguma coisa, tiraram da cartola, talvez, tem a série da moda rendendo vários posts, vários imaginários se direcionando e criando um monstro, a besta atroz do momento. E você está se mordendo de ciúmes, quer que seja contigo, quer que chegue a sua vez. Pequeno, você é pequeno, e jamais irá despertar enquanto se render a esses sentimentos mesquinhos. E aí você está falando novamente como um desses pretensiosos babacas que você detesta.
Você está sempre se desculpando para consigo próprio, sempre se justificando.
Fica repetindo para si próprio, mereço coisa melhor, mereço coisa melhor, para driblar a dor de ser ignorado. E fica se justificando porque quando fala palavras como dor, ou mesmo quando diz algo aqui, se sente um adolescente lamentoso. E no fim todos se sentem esmagados por mágoas e angústias, mas apenas a sua própria dor e angústia é legítima, a do outro parece vazia e inócua. Porque é o ferimento interno, ninguém vê, ninguém sabe.
A não ser quando você pretensamente acha que sente a dor do outro.
Você sente mesmo ou apenas gosta de desabar quando outros tetos estão caindo ao seu redor?
Ela me pergunta se eu consegui chorar e isso me faz derreter.
Agora você está sozinho no escuro vomitando sabe-se lá o quê. Latindo em busca de atenção. Detesta o gato porque o gato faz o que quer e só vem até você quando está com fome e com sede. E você é exatamente assim, um babaca egoísta que só vai até os outros quando quer algo.
Já terminou de se chicotear, meu caro João?
Agora está tocando a música triste. Nunca vai conseguir se libertar, não é? E vamos nos justificar novamente: o que foi dito até o presente momento não tem nenhum valor literário. Nossa, parabéns, de novo se criticando antes de ser criticado. Acha isso esperto? Ótimo. Está achando que entende as regras do mundo.
Agora eu disse pela primeira vez o que isto aqui é. Não falarei novamente até que seja estritamente necessário.
Enquanto isso, está buscando elaborar e contemplar e meditar e sei lá o quê para conseguir produzir algo que realmente vale. Mas não vai conseguir porque ainda não é sincero suficiente. Solte-se, por gentileza.
Eu quero atenção e quero que olhem para mim.
Caramba, você disse! Que deprimente. Opa, volte para a sinceridade. Há o vazio. Há o vazio de se sentir à margem de tudo, o vazio de nunca se sentir pertencente a nada. Então busca berrar alto, para que notem. Só que, na maior parte do tempo, grita sozinho na escuridão.
Escuridão de novo, meu caro João?
Eu havia caminhado nas sendas de luz, só que a escuridão está chamando novamente.
Tudo se resolverá quando você for verdadeiramente seguro de si.
Você merece coisa melhor, João.
Você merece que você seja o melhor possível para si próprio, João.
Entendeu agora?
Então se levante, pois você tem mais o que fazer. Obrigado.

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