Retornamos dos confins do Abismo para presenciarmos os grandes acontecimentos do Universo.
Antes de mais nada, João berrou alto demais, e antes da hora, num momento inapropriado de humor azedo. Toda uma desconstrução desmoronou-se pateticamente na sua lama por debaixo dos panos - o que não fez o menor sentido, mas já desistimos de tentar nos explicar. João pelo menos olhou feio para as pessoas na rua, aquela sua diversão contumaz, todos se intimidando e se submetendo perante sua grande majestade - embora você não seja tão legal quanto você pensa que é, nem de longe. Ou é e ainda não liberou todo seu potencial, ou só tem ilusões, ou vai saber. São muitas sensações rasgando a pele, difícil se conter. Embora alguns digam que João esteja mais calmo e centrado. Ainda relataremos aquele assunto que não interessa ninguém, mas que nos afeta de alguma forma, talvez mais do que sejamos capazes de admitir em voz alta. Vocês já sabem do que se trata, aquele clichê fedorento de sempre. Mas provavelmente João ainda não está pronto, então deve se resignar. Não, não aceita isso de jeito não! Aquela pretensão de querer fazer seu próprio destino, embriagado de si mesmo, e então desandou outra vez. Viemos aqui falar de outra coisa, só que aquela sensação assaltou-o uma vez mais. Não cairemos naquele clichê de isolamento isolamento, embora na prática seja o que aconteça. Ainda a sensação de inadequamento. Repete que ainda não está pronto, inventa desculpas. Deve enfrentar, por mais que sofra revesses. Muitos revesses. Muitas negatividades. O mundo não gira em torno de João, mas seu próprio mundo causa-lhe um peso tamanho. Talvez devesse tocar piano. Enxergando pela forma de música, identificou-se com aquela sujeita, ao que parece. O tio louco, os tios loucos, o que diremos agora?, os extremos de ordem e caos. Perdeu a vontade de sistematizar, já fizemos isso na prova de ontem. Cuidado com o diário, nem sabemos mais, talvez um pouco de álcool agitasse as coisas. O que aconteceu antes? Temos de esperar. Deve-se berrar para suprir as vontades, mas estamos perdendo. João encolhe-se para se expandir em larga escala. Perdeu outra vez, porque gritou antes da hora, e então terá de se recolher em insignificância rara. Porque as grandiosidades vem sendo tecidas na escuridão, em solidão e em silêncio, para explodirem em sentidos metafísicos além de qualquer consciência conhecida por essas sensações escabrosas que lhe rasgam a pele.
Grita, João, grita!
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
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