quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A cor nasce no vazio

Você já sentiu como se a sua célula mais fraca estivesse assumindo o comando geral? Já sentiu como se a célula única originária de tudo e de todos os seres viventes e meramente organizados (ainda que em uma única camada, praticamente imperceptível para o observador desatento que habita todos nós em raros momentos de submersão) fosse a sua única razão para caminhar com o vento no rosto, desafiando todas as contra-correntes e inexperiências para que a espera realmente resultasse produtiva?

Há muito o vento não impede a almofada de se sentir menos repleta. Há muito o sabor não tira o sal da areia acumulada nos cantos sujos do quadrado envernizado de madeira italiana. Há muito a espera dita o direcionamento das nossas vozes. Não devemos esperar o eco. O som não resiste à inexistência, da mesma forma que o amarelo não tolera o contato com o azulado do mar de espremidas pré-resistências. O som não sabe se encaixar em padrões.

O som não sabe se definir, como muitas revistas femininas tanto clamam, a auto-definição está supervalorizada. Talvez o substantivo esteja mal colocado, porém a almofada que não pode reunir forças para impedir que o pó descansasse em sua macia superfície apenas ocupou espaço e deixou menos espaço para o ar tomar para sua reafirmação. A reafirmação é aquele velho e sabido fenômeno daqueles que já competem viver em um mundo dos que tentam saber o que experimentam e que almejam experimentar sem necessitar viver.

A reafirmação necessita ser reconhecida por banca formada por reafirmados, por células que há eras no esquecimento deixaram de ser unas e puras e que se reconfiguraram para comportar o pó que lhes tomou o espaço que outrora tiveram para ocupar. O espaço sempre houve, entretanto os sujeitos que apareciam para nomear e desarranjar o equilíbrio existencial sempre mudam de pré-existência.

Todos nós nascemos de aberturas de uma perspectiva que nunca deixou de ser reafirmada. Temos que assumir a criação de cada nova gota, de cada flagra que cada novo grão que se aproxima, cheio de insegurança, de um céu de almofadas recalcadas de recepção acalorada em um amplo espaço vazio, encontra e que deve reconhecer como grandiosidade natural.

A natureza é de todos nós. Não deixemos ninguém substantivá-la.

O nome é um só.

O nome é Vale da Lua.

*Escrito por Fernanda Marques Granato.

*Esse texto é protegido pela lei de direitos autorais.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

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