Queria que a pressão na porta fosse a ideal, não como a do mar. Queria saber quantas estrelas habitam a noite que me serve de aconchego. Queria conhecer a profundidade de cada gota meio amarga. Queria que o terreno soubesse sentir a minha falta de ar. Queria que hoje fosse vida eterna.
Queria ser capaz de captar a atmosfera inteira em um surrupiar devastado dos cansados músculos que outrora pulsaram. Queria saber que o verde é mais que uma cor. Queria o furta cor extinto. Queria que a atenção fosse corroborada pelo relaxamento das artérias. Nunca soube pensar sem embasamento. Não conheço o fundo do abstrato. Não caberiam dois sapatos em um fundo sem espaço. Não poderia ser diferente.
Não poderia querer outro receptáculo. Queria aquele que conhecera com ares primaveris e que nunca soube ser mais completo do que deveria. Queria que o antígeno me encontrasse, para que eu pudesse algum dia sentir o que é ser, de fato, aberta. Queria provocar a abertura de todos os sentidos, queria terminar a descoberta da fronteira existencial entre o ar e o nada.
O verbo sempre esteve errado.
Sentiria o mundo inteiro em minhas mãos, se houvesse espaço.
Queria ocupar todo o espaço. A sensação seria implacável.
*Escrito por Fernanda Marques Granato.
*Esse texto está protegido pela lei de direitos autorais.
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