segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Convenção dos ursos solitários

Folha ressecada. Outono revisitado. O ar estava frio, e fora invadido mais de uma vez pelo medo repressor. O calor fora há muito expulso daquelas arbóreas paragens sem ar retrabalhado por livres conexões. O ambiente estava minado. Nada de lá sairia antes de ser contaminado.
Preto. O verde-matagal foi sacrificado para dar lugar ao negro dominante que necessitou de toda a floresta ocupada com folga para se estabelecer devidamente. Todo o firmamento se adensou na cortina maculada que se formou, na escuridão, dotada de todas as manchas originárias das liberdades ali oprimidas.
Não havia abertura. O ar não era autorizado a procurar uma saída. A rigidez não permitia que o vento se mantivesse resoluto em indecisão. A rigidez da madeira construía a grande conformação na qual todos deveriam se encaixar, pois não restaria ar liberto.
A alforria se extinguiria dentro de segundos separados por vento contido. O controle da norma de segurança se fez presente com algumas sinalizações em preto. Os ursos recuaram diante da tentativa de tomada desesperada do outrem-domínio. Cada urso se retirou para seu refúgio na rocha, sem saber se poderia existir sem o vento para ser subtraído de sua corpulência habitual.
Nada se sabia dessa esfera padronizada.
Nada se sabia da fiscalização do vento.
Nada se ouvia dos ursos.
A norma expulsou a criatividade.
Convenção. Som fechado. Repulsa. Reverberação total.

**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

Um comentário:

  1. Gostei do texto.
    Principalmente do jogo bem feito de termos como reverbação e sons.

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