Não temos medo.
Não estamos sozinhos, não temos medo, não estamos infelizes. Não estamos. Como um ritual estúpido, repetindo essa lorota todos os dias. Ruminamos a escuridão como se fosse uma goma podre de mascar, suportamos fracassos fedorentos em silêncio, sempre em respeitoso silêncio. Acordamos de olhos abertos, determinados a nos arrastar nos intervalos de vivências tão vibrantes quantos volúpicos vasos de merda borbulhante.
Não temos medo. Aguardamos a hora da peleja.
Vivemos degustando a nós mesmos, enquanto todos os castelos despencam ao nosso redor. O que é do outro não nos diz respeito até que possa nos trazer algum benefício, nos angariar algum recurso para prolonga inutilidades metodicamente calculadas e perfidamente indesejadas; enquanto isso, chafurdamos na lama de nossas próprias mediocridades, iludindo-nos com esperanças memorrentas de gloriosos dias vindouros.
Se pudéssemos mudar sua cabecinha teimosa, talvez pudéssemos salvar a todos da noite faminta que nos aguarda no fim.
Berra-se silenciosamente nos intervalos da realidade, mastiga-se sombras como se fosse pasto putrefato de polímeros papudos; chicoteia-se tanto o próprio desejo alquebrado, porém determinado, que enfim rasgamos o tecido existencial e impomos nossa vontade sobre a realidade.
Afinal, trajamo-nos sempre da pretensão de sonhar tão bem a ponto de criar nossas próprias realidades.
Um desafio é superado apenas para que outro desafio ainda mais desafiante tome seu lugar. Não temos medo.
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
Viva! O Kabral voltou! \o/
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