domingo, 26 de setembro de 2010

Habilidade de dizer sim


NÃO. Não vou te levar comigo, não irei saber o infinito, não farei o cabível, não perpetrarei a estranheza. A cada dia que passa as pessoas aprendem a dizer um não mais específico, mais profundo, mais retumbante. Esse não que é dito com a movimentação inconsciente, que é percebido no desespero, que não se vê sólido, que não existe sozinho. O não agressivo, que pouco se comove com a necessidade. A pessoa logo vê que não possibilita interação de tipo algum, que expulsa qualquer vida compreensiva e coexistente.

O som nasal abafa qualquer resistência, sem pretender causar impacto ou realidade abstrata. A batida na parede é tão forte que é necessário recuar para tornar a instância não absorvida permeável. Entretanto, ela nunca se torna, de fato, esponjosa e amigável. A força que todos clamam com a negação categórica não cria nada além de inatividade cognitiva. As ferramentas corroboram a tese geral e clamam em uníssono o fechamento de ampla perspectiva de conhecimento, de permissividade, de descoberta do infundado.

Uma janela fechada diz não singular à chuva que tenta participar da ferrugem na armação. Uma porta entreaberta nutre no receptor ambigüidade inaproveitável, pois toda a vontade se concentra na conclusão e não no início e na alimentação. A escuridão exclui a partícula de existir na onda coletiva, deixando-a permanentemente fragmentada. O crescimento estrutural só vem com a água, modificando toda a concretude flácida da boca seca que nos diz, levemente, ao lado de uma vela quase finda: não posso admitir entrada. Não tem espaço. Dissipação. O ar precisa de espaço. Demos-lhe.


**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**

Nenhum comentário:

Postar um comentário