Quero levantar as paredes.
Quero sentir o turbilhão de vento dentro de mim.
A vastidão indescritível me engole por completo. As batidas na porta ficam mais audíveis, porém ninguém a abre.
Quero usar todos os cadernos, gastar todas as folhas com elucubrações mentais intermináveis que se ramificam em raios de sol e ramos de amoreira. Porque o amor é o resumo e o objetivo de tudo. Amo porque almejo amar cada dia mais em reverberações ovais líquidas que vão, gradualmente, expandindo as suas fronteiras e chamando o mundo todo de seu - pois limite é algo ultrapassado, algo a ser ultrapassado, algo a ser ressignificado. Definitivamente precisamos de uma nova acepção para esse verbete. Os já existentes não tem dado conta ultimamente da imensidão oceânica. Precisamos de mais espaço. O que fazer com a singularidade?
Cadê o espaço que foi prometido?
Onde está toda a vontade de ser completo?
A voz ecoa, ressoa, sibilando na água doce dos pensamentos intrusivos negativos, repetindo-se em turbilhão, em furacão, em ciclone e em tufão, de modo que todas as cores se dissiparam. Nuvem de verão. Explosão solar. Impenetrabilidade.
Quem garante, você?
Quero ser engolida por completo, quero coabitar seu corpo, quero saber a sensação da batida do seu coração.
A gradação é minha, e o anacoluto é de todo mundo. De todo mundo mesmo. Dos mais falantes ao inaudito. Às vezes, tudo que precisamos é abrir o ouvido e fechar os olhos. Tudo que precisamos é deixar o sonho voar com asas emprestadas e depois descobrir como chegar lá com as nossas. Mergulhar na incerteza, prestando muita atenção em todas as notas e todos os acordes.
A composição é essencial, assim como sua estrutura esquemática.
O limite é para todos. O limite é para ninguém.
O controle é a ilusão mais tosca em que já ousei acreditar.
Deixei que ela me consumisse por completo, como um faminto, até que sobrassem apenas duas asas sangrentas da borboleta turquesa, porque a verde-clara estava esgotada. Depreciação. Qual é a borboleta que reinicia a contagem?
Tarde demais.
Entardecer de verão.
Solilóquio de exaustão.
Solidão.
*Texto por Fernanda Marques Granato protegido pela lei de direitos autorais.
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**