Rododentro espinhoso.
Botão recoberto por ardósia magenta extremamente curiosa.
Folha amassada em sete cantos, cinco lados e e duas parafernálias.
Mala aberta repleta de roupas rotas.
Janela molhada permitindo a conquista do sublime.
Nada foi, tudo já é.
As extremidades são esticadas em uma espreguiçada matutina relaxada, que nada deve e nada tem a provar.
Tudo que sou já é o suficiente.
A fragrância da autovalidação e da sedimentação do amor-próprio me envolve, e quase me afogo nela.
De repente, respirar se torna a coisa mais importante.
A construção da estima por si própria independe de qualquer validação externa.
Escolho conviver com outros, mas não preciso deles; gosto de ter companhia, mas não dependo dela para atribuir sentido à minha vida ou um valor à mim mesma.
Minha trajetória se cruza com a de outros, mas os outros não definem o meu valor, a minha relevância nem qual será a próxima esquina que dobrarei.
Os outros, como astros no sistema solar, têm sua singularidade e sua importância, mas preciso ser leve como o vento para ser capaz de voar sempre e atingir alturas nunca dantes imaginadas. Preciso do vazio para crescer, do silêncio para me compreender, e de espaço para ter a chance de me tornar a melhor versão de mim mesma.
Afinal, não tem como amarmos os outros sem antes amarmos a nós mesmos.
Que o meu jardim de amor-próprio possa crescer um pouco a cada primavera em consonância com os outros, sem ser podado, mas sem tirar o lugar de outrem.
Sol de outono.
Vida intensa.
Amor, nutrido diariamente, por mim e pelos outros, sem desperdício de energia, nem destruição de singularidade alguma.
O segredo é a desautomatização.
O sabor da primeira manga. A primeira nadada no rio, mergulhando novamente na subjetividade do eu-tu. O infinito do tornar-se.
*Texto de Fernanda Marques Granato protegido pela lei de direitos autorais.
**As opiniões expressas nesse post são de total responsabilidade do seu autor.**
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